Taxa de desemprego subiu para 14,4% em fevereiro. Número de desempregados soma 14,4 milhões, o maior da série histórica iniciada em 2012.

Carolina Nalin – 30/04/2021 – 09:06 / Atualizado em 30/04/2021 – 10:00

RIO — Em um ano de pandemia, o Brasil fechou 7,8 milhões de postos de trabalho. É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE, divulgada nesta sexta-feira.

No trimestre encerrado em fevereiro, a taxa de desemprego no Brasil chegou a 14,4%. Com o resultado, o país tem 14,4 milhões de pessoas na fila por uma vaga, o maior contigente desde o início da série histórica, inciada em 2012.

Em fevereiro do ano passado, antes da pandemia, a taxa estava em 11,6%.

Já no trimestre imediatamente anterior – encerrado em novembro – a taxa estava 14,1%, o que representa estabilidade, segundo o IBGE, pois a variação é considerada pequena. Houve um incremento de 400 mil pessoas à população desocupada nos últimos três meses. COM PANDEMIA E SEM O AUXÍLIO EMERGENCIAL, POBREZA AUMENTA NO BRASIL1 de 8 

Com o alto preço do gás, Simone, de 49 anos, é obrigada a retroceder à lenha para cozinhar no quintal de casa Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Com o alto preço do gás, Simone, de 49 anos, é obrigada a retroceder à lenha para cozinhar no quintal de casa Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Vitória dos Santos Macedo, de 21 anos, era ambulante na praia. Com a pandemia, deixou de trabalhar. Vivendo com o marido no Vale dos Eucaliptos, em Senador de Vasconcelos, Zona Oeste do Rio, a casa deles não tem água encanada, nem fogão, nem geladeira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Vitória dos Santos Macedo, de 21 anos, era ambulante na praia. Com a pandemia, deixou de trabalhar. Vivendo com o marido no Vale dos Eucaliptos, em Senador de Vasconcelos, Zona Oeste do Rio, a casa deles não tem água encanada, nem fogão, nem geladeira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Simone Souza Bernardes, 49 anos. Ela e os filhos, Aline, 6 anos, Marcos e Naiara, de 15, vivem na zona rural de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Simone Souza Bernardes, 49 anos. Ela e os filhos, Aline, 6 anos, Marcos e Naiara, de 15, vivem na zona rural de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Dados mostram que, com impacto da queda de renda durante a pandemia, 14% dos brasileiros que não eram considerados pobres em 2019 estão nesta situação em 2021 Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Dados mostram que, com impacto da queda de renda durante a pandemia, 14% dos brasileiros que não eram considerados pobres em 2019 estão nesta situação em 2021 Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
No caixote onde Simone está sentada, estão guardados os poucos mantimentos que se tem para a família, um pouco de farinha e feijão Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
No caixote onde Simone está sentada, estão guardados os poucos mantimentos que se tem para a família, um pouco de farinha e feijão Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

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A pequena Aline come as migalhas de um bolo Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
A pequena Aline come as migalhas de um bolo Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Casal Gustavo Moura e Naomi da Silva, no quartinho onde vivem no Jardim dos Eucaliptos, em Senador Vasconcellos. Eles estão sem trabalhar e esperam o primeiro filho Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Casal Gustavo Moura e Naomi da Silva, no quartinho onde vivem no Jardim dos Eucaliptos, em Senador Vasconcellos. Eles estão sem trabalhar e esperam o primeiro filho Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Júlio, que preferiu não mostrar o rosto, era lanterneiro e perdeu o emprego na pandemia. Com problemas na família, foi morar recentemente na rua, dormindo na Praça Jardim do Méier, Zona Norte do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Júlio, que preferiu não mostrar o rosto, era lanterneiro e perdeu o emprego na pandemia. Com problemas na família, foi morar recentemente na rua, dormindo na Praça Jardim do Méier, Zona Norte do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Os dados da Pnad trazem números tanto do mercado formal como do informal e são trimestrais, não mensais. Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, cujos dados de março mostraram a criação de 184,1 mil vagas, considera apenas os trabalhadores que tem carteira de trabalho assinada.

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Recorde de desalentados

A pesquisa revela um efeito devastador da pandemia sobre o mercado de trabalho, com todos os indicadores de geração de vagas em queda em relação ao período pré-Covid. Os empregados com e sem carteira assinada tiveram baixa, assim como os que trabalham por conta própria.

A maior baixa foi entre os informais. Houve queda de 15,9% no número de trabalhadores sem carteira, ou menos 1,8 milhão de pessoas frente a igual trimestre de 2020.

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No mercado formal, a queda foi um pouco menor em termos percentuais e quase o dobro em valores absolutos: são 3,9 milhões de pessoas com carteira a menos do que um ano antes, retração de 11,7%.

E o desalento, quando o brasileiro desiste de procurar emprego, foi recorde e atingiu 6 milhões, o maior patamar da série.

Taxa de desemprego pode chegar a 15%

Especialistas estimam que as novas restrições impostas pelo agravamento da pandemia nos meses de março e abril tendem a dificultar a retomada do mercado de trabalho e a diminuir o número de pessoas em busca de uma vaga.

Além disso, a demora até a publicação de medidas emergenciais do governo, como a reedição da MP 936, deve produzir reflexos negativos na manutenção de postos de trabalho. Setores da indústria e do comércio relataram demissões com a demora da publicação da medida.PUBLICIDADEhttps://d8e4770edbac4d5ab2442aef55297885.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

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O economista e professor da Fipecafi,Samuel Durso, avalia que a espera para o anúncio de medidas emergenciais pode fazer a taxa de desocupação chegar a 15%, um total aproximado de 15 milhões de desempregados no país, projeta:

— O mais provável é que esses benefícios sejam percebidos apenas no segundo semestre de 2021.

Entenda os números

Metade dos adultos sem trabalhar

Do total de brasileiros em idade de trabalhar (ou seja, com mais de 14 anos), 48,6% estão sem emprego ou fora do mercado de trabalho. Sequer buscam uma vaga. Este indicador, chamado de nível de ocupação, está em patamar muito baixo. Antes da pandemia, a taxa ficava em torno de 55%. 

Número recorde de desalentados

Ao todo, 5,95 milhões de brasileiros estão nesta situação. São os trabalhadores que estão desempregados, mas nem procuraram vaga na semana da pesquisa. Inclui quem se acha muito jovem, muito idoso, pouco experiente, sem qualificação ou acredita que não encontrará oportunidade no local onde reside. Ou ainda não tem dinheiro para pagar a passagem e procurar uma vaga.

32,6 milhões com potencial subutilizado

Quase 30% dos brasileiros estão desempregados, trabalhando menos do que gostariam, desalentados ou na força de trabalho potencial (quando a pessoa está desempregada, mas não procurou vaga ou não pode trabalhar por algum motivo qualquer).