- JD1 Notícias – 11/10/2022 – Sarah Chaves, com informações do G1 IHGMS
Há 45 anos, nesta mesma data, ocorria canetada que separou de vez, Mato Grosso do Mato Grosso do SULLLL. Porém por que dividiu-se um dos maiores estado do Brasil ? Para explicar a circunstancia que levou a tal fato, os historiadores e doutores pela USP, Valmir Batista Corrêa e Lúcia Salsa Corrêa contam os pormenores.
É importante lembrar que a criação do Estado de Mato Grosso do Sul ocorreu durante o regime militar no Brasil em 1977, e neste processo histórico foram embutidas disputas por terras e as articulações políticas elitistas, conservadoras e autoritárias. “Pari passu”, a extensa região de Mato Grosso foi ocupada mediante formas diferenciadas, distanciando a sua banda Norte da fronteira sulina. “Basta rever a história colonial e os tempos do Império para perceber que a concentração de poder em Cuiabá fortaleceu o Norte de Mato Grosso em detrimento da sua remota fronteira meridional”
Já no lado sulino de Mato Grosso, a efetiva ocupação não se deu de forma simultânea à ocupação do Norte, sendo inicialmente um espaço apenas cortado por rotas das Monções e por tropeiros que demandavam Cuiabá, destacam os historiadores. A comunidade indígena do território Sul foi simplesmente ignorada na historiografia tradicional, a despeito dos choques entre conquistadores e povos nativos, em todos os pontos do continente.
A ruptura do Mato Grosso foi aflorada devido a interesses políticos que formou uma sociedade regida por chefes políticos e grupos divergentes que almejaram o poder local tanto quanto a hegemonia da máquina político-administrativa regional. Nos anos finais do século 19 apareceram as primeiras manifestações explícitas separatistas, decorrentes da ocupação da extrema fronteira Oeste e da formação de um território marcado pela violência, pela insegurança, pelo isolamento de seus habitantes, pela exclusão das populações indígenas nativas e pelas linhas flutuantes que os separavam das repúblicas do Paraguai e da Bolívia. As lutas coronelistas e as disputas políticas periféricas tiveram motivações localizadas em seus domínios rurais e urbanos, e sofreram com o monopólio de Cuiabá no controle da máquina política e administrativa regional.
Lúcia Salsa e Valmir batita explicaram essa situação em 3 pilares, sendo 1) a força política da “Companhia Matte Larangeira”; 2) o coronelismo guerreiro; e 3) sua linha auxiliar, o banditismo. Outros fatores, tais como as grandes distâncias entre os centros populacionais do Norte e do Sul, a falta de comunicação eficiente e o favorecimento de municípios e de políticos do Norte, agregaram as ideias separatistas. O governo do estado tentava amansar os ideais separatistas usando a máquina do estado, do empreguismo como forma de cooptar os descontentes.
O “Amansamento” dos projetos rebeldes foi com a interferência da ditadura de Getúlio Vargas, que impôs desarmamento, repressão político-policial, a imposição do ideário unionista. Porém, não significou o desaparecimento completo das condições históricas que alimentaram o sonho de criação de um novo território, nem tampouco sepultaram definitivamente as práticas do coronelismo político e tradicional.
No entanto, ocorreu uma recomposição dos antigos coronéis e vigorou o protagonismo de algumas famílias poderosas através das gerações seguintes.
A partir dos anos de 1950, as manifestações separatistas sob as formas de “lutas guerreiras” não mais aconteceram como no passado, mas prosseguiram as articulações expressas na luta dos grupos políticos opostos, tendo por base a cidade campo-grandense sem, contudo, envolver todo o território sulino.
As reivindicações dos separatistas ao longo dos anos 1930-1970 foram sistematicamente frustradas, apesar das aparentes agitações e da campanha persistente contra a centralização do poder em Cuiabá. Apesar disso, os sulistas continuaram a reunir forças. A fragilidade da rede de relações políticas com o poder central surpreenderam os sulistas com uma solução de “cima para baixo”, típica da ditadura militar que governou o país por vinte anos.
Foi a criação da Lei Complementar n. 31, de 11 de outubro de 1977, que originou Mato Grosso do Sul, através do presidente Ernesto Geisel, porém os historiadores ressaltam que a ideia da Lei era a centralização do poder e aind restou aos sulistas a falta de consenso para a indicação do futuro governador.
Com informações do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.