EXCLUSIVO – O estudo State of Insurtech 2023: encontrando oportunidades no novo normal (tradução livre), realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), revelou uma significativa desaceleração nos investimentos globais neste segmento de empresas de tecnologia. Em relação a 2022, a queda do investimento em insurtechs foi de 35%, totalizando US$ 4,9 bilhões.
De acordo com Gabriel Purkyt, sócio do BCG, o mapeamento de insurtechs mostrou que houve um pico de investimento em startups de serviços financeiros e seguros nos anos de 2020 e 2021. “Desde a pandemia, as taxas de juros vinham baixando muito, com um custo de capital de investimento mais baixo, o que proporcionava um maior apetite de risco, com mais de US$ 15 bilhões investidos globalmente”, analisou.
Em 2022 e 2023, algumas startups não conseguiram se firmar e quebraram e as taxas de juros aumentaram muito. “O capital secou. Em 2022, o investimento caiu para US$ 7,5 bilhões e em 2023, US$ 5 bilhões. Houve uma racionalização dos investimentos”, explicou Purkyt. Mais da metade destes valores foram investidos em empresas de P&C, com destaque para seguro auto, produtos que são commodities, com pouca diferenciação e que necessitam de muita eficiência (IA ajudando). Estas empresas conseguem melhorar o custo dos produtos, da distribuição e do atendimento ao cliente. “No Brasil, também vemos surgir uma série de startups na área de saúde”.
Destes US$ 4,9 bi de investimento, US$ 2,7 bi foram aplicados em P&C e US$ 1,2 bi em empresas multirramos. US$ 0,9 em saúde e US$ 0,1 em vida. Em todas as regiões houve uma queda do investimento, entretanto, na América Latina ela foi menor. Para Purkyt, isso aconteceu porque as ondas de inovação demoraram mais para chegar à América Latina, acontecendo primeiro na Europa e Estados Unidos. “Na América Latina, e no Brasil, o tíquete médio é mais baixo e as barreiras regulatórias são mais flexíveis, como o Sandbox. Isso contribuiu para termos ritmo de queda menor”, avaliou Purkyt. A América Latina representou US$ 3 bilhões, dos US$ 4,9 bilhões.
Os investidores pisaram no freio por conta da restrição de capital, mas também porque as startups mais maduras, por terem uma valoração mais baixa, elas enxugaram seus custos para ter uma vida mais longeva até uma nova rodada para levantar capital. “Globalmente, há uma tendência de volta da queda das taxas de juros, mas o apetite dos investidores não devem voltar ao período pré-pandemia.
“Num mercado cada vez mais consolidado, parece haver interesse de investidores em empresas que tentam criar uma certa disrupção por meio da inovação e da agilidade. Muitas seguradoras também começam a ver as insurtechs como potenciais alvo de aquisição”, afirma Rodrigo Maranhão, diretor executivo e sócio sênior do BCG.
Influência da IA no setor
A nova onda de startups deve ser focada em empresas que são plataformas de tecnologia, que fornecem capacidades para outros players. A maior parte dos investimentos do ano passado (US$ 3 bi) estava em empresas que utilizam a base de Inteligência Artificial e IA Generativa. “São empresas focadas, com balanços mais leves e que vão alavancar a tecnologia para agregar valor a uma parte do elo da cadeia, seja em precificação, fraude, peritagem etc”, antecipou Purkyt.
Em média, as insurtechs alimentadas por IA receberam 65% do capital total investido nos últimos cinco anos. Embora a contagem de negócios tenha diminuído de 2019 para 2022 em 18 pontos percentuais, em 2023 registou-se um aumento de quatro pontos percentuais, sinalizando uma confiança renovada dos investidores, provavelmente devido ao surgimento da GenAI.