12/03/2018 / FONTE: CNseg
Não há dúvidas de que o Seguro Rural poderá ser um aliado ainda mais importante para o desenvolvimento agrícola do País. Considerando-se os exemplos de países classificados como potências agrícolas, como Estados Unidos, Canadá e Rússia, e os elevados subsídios que empregam para amparar o setor, fica claro que essa parceria entre seguros e produtores rurais será o caminho mais proeminente para ampliar a fronteira da agricultura, assegurar a diversificação de culturas protegidas, evitar a descapitalização dos agricultores e, por fim, impedir descontinuidade na escalada da produtividade do agronegócio. O seguro é também uma forma de mitigar uma sequência de problemas quando crises afetam o agronegócio, provocando recessão nas pequenas cidades produtoras e contaminação da economia como um todo, incluindo-se aumento da inadimplência e inflação maior, por redução de áreas plantadas nas safras seguintes. O peso do agronegócio, cada vez maior no PIB brasileiro (no ano passado, sua participação foi das mais relevantes para o País sair da recessão), e o que o seguro pode contribuir para seu fortalecimento foram os temas centrais do primeiro painel do 23º Encontro dos Líderes do Mercado Segurador, evento da CNseg que reúne os dirigentes dos maiores grupos seguradores em Foz do Iguaçu, no Paraná. O debate reuniu Antonio Marcio Buainain, mestre e doutor da Unicamp; o economista José Roberto Mendonça, sócio da MB Associados; Wady Cury, diretor do grupo BB Mapfre e presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg); com mediação do economista Luiz Roberto Cunha. Todos os especialistas avaliaram positivamente a participação do seguro rural na rotina do agronegócio. O subsídio ao seguro rural é apontado como um mecanismo relevante para ampliar a participação, mas há dúvidas de que o governo federal, com dificuldades fiscais severas, poderá manter verbas crescentes ao programa. Nos últimos anos, o programa funciona de forma instável, mas foi suficiente para elevar, no período, o número de culturas protegidas, hoje são 80, lembrou Wady Cury, além dos capitais segurados crescentes. Antonio Marcio Buainain propôs uma gestão integrada dos riscos agrícolas, já que este segmento é uma ilha cercada de ameaças. Lembrou que os produtores enfrentam riscos de produção, como aqueles causados por desastres naturais, de mercado, como volatilidade de câmbio e dos juros, políticos. Lembrando uma estimativa do Banco Mundial, segundo a qual as perdas brasileiras no agronegócio alcançam R$ 11 bilhões, ou cerca de 1% do PIB, o especialista afirmou que a gestão dos riscos, via seguradoras, pode contribuir para mitigar tais riscos. . “É preciso e é possível administrar os riscos do agronegócio, que custam caro. Mas isso requer políticas e conversas entre o setor público e o privado”, avalizou Buainain. Não é uma tarefa fácil, reconhece. As seguradoras ainda convivem com gaps de informações para estruturar planos de seguros mais adequados em relação aos riscos assumidos. No final das contas, o seguro deverá caber no bolso do produtor, ter coberturas adequadas e, pelo lado das seguradoras, as perdas potenciais deverão estar mais bem delimitadas. O economista José Roberto Mendonça de Barros concordou que a agricultura merece receber um tratamento especial, dado seu caráter cada vez mais estratégico para a economia brasileira. Sem contar o extrativismo, o agronegócio, independente das instabilidades ocorridas na economia entre 1995 e 2015, figura como o único segmento a manter sua produtividade no terreno positivo. Nesses 20 anos, sua taxa anual foi de 5,4%, provocando uma queda continua dos preços relativos de 20 produtos indispensáveis na mesa do brasileiro. Wady Cury fez um balanço do avanço do Seguro Rural no País. De 2006, primeiro ano da subvenção, até agora, subiu mais de 1.200%. Mas, olhando para países mais desenvolvidos em programas rurais, o Brasil ainda ocupa posição tímida na consolidação do seguro. Em termos de importância segurada, as seguradoras detêm US$ 9 bilhões importância segurada, enquanto Canadá (US$ 14 bilhões), EUA (US$ 109 bilhões) e China (US$ 226 bilhões). O seguro agrícola tem múltiplas funções, incluindo estabilidade de preços e produção, indução do uso de tecnologia no campo; manutenção de emprego e renda do produtor rural, lembrou Cury. Se a subvenção serviu para incentivar a demanda inicial do seguro agrícola, hoje há produtores, sobretudo os de porte médio, que decidiram custear sua compra com recursos próprios. “O seguro agrícola começou a descolar da evolução do valor da subvenção, porque o produtor considera o seguro agrícola como um insumo à produção, razão pela qual os negócios continuam a crescer, independente do subsídio”, destacou ele. O mediador Luiz Roberto Cunha deixou claro que o agronegócio ocupa uma posição central na economia brasileira e seu desempenho é decisivo para o bem-estar das famílias, com impactos na renda, inflação e emprego. Daí porque o seguro deve ser um parceiro estratégico do agronegócio.