SINDSEGRS – 12/07/2017
Não é novidade que a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (LGBTTI) enfrenta dificuldades das mais diversas por conta de sua sexualidade. Dentre elas, a violência surge como ‘campeã’ disparada nesse rankingFísica ou psicológica, essa vilã é disseminada em ambientes considerados seguros por muitos heterossexuais, como o trabalho e até mesmo no convívio familiar.Dados do Grupo Gay de Alagoas (GGAL) apontam que, só este ano, 191 homossexuais perderam a vida violentamente em todo o país. Nove dessas mortes ocorreram em Alagoas, três delas somente no mês de junho. “Quando um de nossos integrantes some, já pensamos que algo sério aconteceu e usamos todas as nossas redes para ter certeza que a pessoa está bem”, desabafou Nildo Correia, presidente do GGAL.Além da violência, a perda de direitos após a morte de um dos cônjuges, como por exemplo, o patrimônio construído por eles enquanto estavam casados, é outro medo constante entre casais homoafetivos. Quando há filhos envolvidos, a garantia de que a guarda e os direitos da criança permaneçam com o (a) viúvo (a), também pesam.Foi pensando em atender com mais atenção a este público que muitas corretoras brasileiras, incluindo alagoanas, despertaram para as necessidades da população LGBT e passaram a fazer pacotes “exclusivos”, que garantem apoio aos familiares no caso de morte, doença que o invalide, agressão física ou psicológica, inclusive resultantes de atos homofóbicos.Para o presidente do Sindicato dos Corretores em Alagoas (Sincor), Edmilson Ribeiro, é importante explicar que o mercado de seguros no Brasil não faz nenhum tipo de distinção. “Não é considerado, por exemplo, a opção sexual do segurado”, disse. “No entanto, pode-se elaborar uma apólice que cubra situações específicas, vivenciadas por estes clientes, de acordo com as suas necessidades pessoais”, esclareceu Edmilson.Como funciona a cobertura atualmente?O professor da Escola Nacional de Seguros (ENS), Bruno Kelly, explica que qualquer corretora pode oferecer pacotes à população LGBTTI. “O que acontece é que alguns fazem o trabalho de segmentação de clientes, o que é muito importante para muitos que procuram seguros”, observou o professor.Para casos onde o assegurado pretende se resguardar em caso de agressões motivadas por homofobia, entre outros motivos, cabe o Seguro de Acidente Pessoal (SAP) ”, explicou Bruno Kelly.“Há seguros que cobrem, inclusive, o socorro médico quando necessário, chamado de Despesas Médicas Hospitalares e Odontológicas (DMHO), que atende muito bem esse tipo de situação. O SMHO ressarce o contratante caso ele tenha algum tipo de gasto médico decorrente de um SAP, ” observou ainda.“Para casos mais graves, existem indenizações no caso de morte, cabendo ao beneficiado o recebimento da quantia pré-estabelecida em apólice”, explicou o professor. “Doenças que levem à invalidez também podem ser colocadas no contrato, neste caso, o próprio segurado teria acesso ao valor estipulado”, esclareceu o professor.TRANSEXUAL DEFENDE SEGURO ESPECÍFICO PARA PÚBLICO LBGTCom a ampla divulgação dos diretos civis relacionados diretamente à população LGBT, vimos nascer uma nova geração que assume sua condição e luta por estes direitos.  São pessoas com independência financeira e muitas vezes familiar – causada à força justamente por sua homossexualidade – que buscam integrar-se à sociedade como parte de um mesmo corpo.Atualmente existem agências de viagens que atendem o segmento, bem como países ao redor do mundo que divulgam ‘portas abertas a qualquer tipo de amor’. Com a aprovação da união civil de casais do mesmo sexo, posteriormente, a adoção de crianças, o processo parece estar fluindo bem em todas as esferas sociais, mas mesmo assim, ainda há uma sombra do preconceito que pode matar.  E isso motiva a muitos a buscar informações sobre uma maneira de deixar tudo dentro de uma cobertura mínima e segura.A servidora pública Erika Fayson, por exemplo, explica os motivos pelos quais já aderiu a vários seguros, mas nada específico a sua condição. Transexual, ela é mãe de um casal de filhos e quer garantir o futuro deles.“Todo cidadão brasileiro deve aderir a um plano de seguro de vida, independente de sua orientação sexual, de raça ou cor”, opinou Erika. “Eu, particularmente, tenho contrato com duas seguradoras com cobertura de morte natural, acidental e invalidez por acidente”, acrescentou a servidora.  “O que me motivou a fazer as apólices foram meus filhos adotivos: uma moça que já está com 21 anos   e um garotinho de 6 anos. Eles são meus beneficiários”, explicou ainda. “Mas se houvesse algum plano direcionado Ao público LGBT, certamente eu iria fazer algo mais específico, pois vivenciamos situações difíceis diariamente”, observou Fayson.Embora o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), que pertence à Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ), tenha informado à reportagem do TNH1 que atualmente não possui campos que indiquem a orientação sexual do casal candidato à adoção, percebe-se que muitas das novas famílias homoparentais planejam, em determinado momento da relação, adotar uma criança.VIDA A DOIS “SEGURADA” É SONHO PARA MUITOS CASAIS HOMOAFETIVOS   Em Alagoas, o último levantamento pelo IBGE registrou que 25 casais homoafetivos registraram união civil no Estado. Destes, 15 deles em Maceió.  A Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (ABRAFH) não possui estatísticas sobre o número de casais homoafetivos.Um dos casais que resolveu assumir seu relacionamento diante da Justiça foi o decorador Nilton Alves e seu esposo, Jeferson Alves. Juntos há seis anos, eles se casaram ‘de papel passado’, em dezembro de 2015, durante cerimônia coletiva promovida pelo Tribunal de Justiça de Alagoas.A maior preocupação de Nilton ao decidir pela união civil foi garantir que Jeferson tivesse direito pelo menos a um auxílio, caso ele viesse a faltar.“A sociedade ainda está se adaptando a essa realidade nova que é o casamento homoafetivo, por isso, o melhor mesmo é nos resguardar por todos os lados”, observou Nilton. “Pensei em buscar informações em uma corretora depois que um colega nosso morreu e seu companheiro, com quem ele conviveu por mais de dez anos, perdeu tudo que tinham construído por conta de uma ação movida pelos pais do morto”, revelou ainda.Fonte: https://www.sindsegrs.com.br/2017/07/11/homofobia-e-inseguranca-juridica-aumentam-busca-do-publico-lgbt-por-seguros/