CQCS – Notícias | 3 de setembro de 2024 | Fonte: Insurtalks
Baixa no início de 2024
No início de 2024, o financiamento global destinado às insurtechs sofreu uma queda significativa, com uma redução nos investimentos que surpreendeu o mercado. Esse período foi caracterizado por uma combinação de fatores, como a instabilidade econômica mundial, altas taxas de juros e uma postura mais cautelosa por parte dos investidores. Estes, por sua vez, optaram por focar seus recursos em negócios considerados mais promissores e em setores estratégicos, como seguros incorporados, benefícios para funcionários e riscos cibernéticos. No entanto, o setor parece ter superado esse período e os investimentos em empresas que combinam tecnologia e inovação, registrou um crescimento significativo no segundo trimestre de 2024. Esse aumento sinaliza um possível ponto de inflexão para o mercado, refletindo tanto o otimismo renovado dos investidores quanto a crescente demanda por soluções digitais no setor de seguros.
Recuperação e crescimento
Segundo um relatório da Gallagher Re, o financiamento global para insurtechs no segundo trimestre de 2024 cresceu 39% em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$ 1,27 bilhão. Esse valor representa um aumento de 39,7% em relação ao primeiro trimestre de 2024, quando os investimentos somaram US$ 912 milhões. Embora o tamanho médio dos negócios tenha quase dobrado de US$ 9,81 milhões para US$ 18,46 milhões, o número total de transações caiu 23,4%, passando de 107 no primeiro trimestre para 82 no segundo trimestre, o menor total trimestral desde 2020. As insurtechs focadas em inteligência artificial atraíram US$ 445,81 milhões no segundo trimestre de 2024, representando 35,1% do total de investimentos no setor. Desde 2012, essas empresas receberam cerca de 16% de todo o capital investido na indústria de insurtech. Os Estados Unidos lideraram como o maior destino de investimentos, recebendo 49% do total, seguidos pelo Reino Unido com 13%, enquanto França e Índia empataram, cada uma com 6% dos investimentos.
Os investidores estão mais seletivos
A crescente necessidade de digitalização no setor de seguros, impulsionada pela demanda dos consumidores por experiências mais rápidas e simplificadas, continua a atrair o interesse dos investidores. No entanto, esses investidores estão se tornando mais seletivos em suas decisões iniciais, preferindo investir em negócios maiores com empresas que apresentam alto potencial de crescimento e inovação no setor de insurtech, segundo a Gallagher Re. As insurtechs focadas em avaliação de risco e na otimização de precificação/subscrição/portfólio foram responsáveis por 33 transações, representando 40,2% dos negócios no trimestre, e arrecadaram um total de US$ 742,5 milhões.
Investimentos na América Latina
Mesmo com a queda considerável nos investimentos de capital de risco na América Latina, o ecossistema de insurtechs na região seguiu em expansão, apresentando um aumento de 6% no número de startups, que agora somam 498. A taxa de falência dessas empresas foi de 10%, enquanto o crescimento natural alcançou 16%, com o surgimento ou mudança de rumo de 77 novas insurtechs no último ano. O setor também registrou um crescimento de 11% em sua presença internacional, levando o índice de internacionalização a 13,4%. Peru, Equador, Colômbia e México destacaram-se na atração de empresas estrangeiras de insurtech, alcançando um índice de atração de 24%. No panorama geral, 53% das startups estão focadas na distribuição digital de seguros, enquanto os outros 47% atuam como facilitadores, colaborando com resseguradoras e intermediários. Apesar da escassez de investimentos, o ecossistema mantém seu crescimento. No cenário regional, o Brasil possui o maior número de startups, com 203, seguido por Chile (72) e Colômbia (67). A maior taxa de crescimento percentual foi observada na região do Pacífico, especialmente na América Central (69%), Equador (35%), Colômbia (24%) e Peru (23%).
Impacto nas seguradoras tradicionais
O crescimento no financiamento de insurtechs representa um desafio e uma oportunidade para o setor de seguros tradicional. As seguradoras estabelecidas estão sendo forçadas a inovar e adaptar suas operações para competir com as soluções mais eficientes e personalizadas oferecidas pelas insurtechs. Por outro lado, muitas estão adotando uma abordagem colaborativa, investindo ou formando parcerias com insurtechs para se beneficiar da inovação tecnológica. Parcerias estratégicas têm se mostrado mutuamente benéficas, com insurtechs fornecendo inovação e seguradoras tradicionais oferecendo escala e experiência de mercado.
Perspectivas futuras para as insurtechs
O crescimento no segundo trimestre de 2024, apesar de um contexto econômico desafiador, demonstra que os investidores continuam confiantes nas oportunidades oferecidas por essas startups. As insurtechs focadas em tecnologias como inteligência artificial e digitalização da distribuição de seguros estão atraindo maior atenção, indicando que a transformação digital permanece no centro das estratégias de crescimento. Além disso, a expansão internacional e o surgimento de novas startups sugerem que o ecossistema insurtech está longe de atingir seu limite, apresentando novas oportunidades tanto em mercados estabelecidos quanto emergentes. Com esse cenário positivo, o setor está bem posicionado para continuar inovando e redefinindo a maneira como os seguros são oferecidos e gerenciados globalmente. Assim, o aumento acentuado no financiamento indica uma trajetória positiva para as insurtechs, mas o setor ainda enfrenta desafios. A sustentabilidade do crescimento dependerá de como essas empresas conseguirão escalar suas operações e manter a confiança dos investidores.