CNseg – 30/07/2001 por Marcio Serôa de Araujo Coriolano, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras, CNseg
No Brasil, infelizmente, o processo de formação e qualificação de recursos humanos geralmente não tem sido proporcional aos avanços da sociedade e da economia. São esses descompassos que têm gerado as quedas da produtividade da mão de obra, amplamente reconhecidas por estudiosos de todos os matizes. E parece haver convergência também sobre o remédio para esse estado de coisas: maior dotação orçamentária para escolas públicas, maior investimento privado na educação e prioridade para a revisão de currículos e diversificação de meios de ensino.
Mesmo com todas as dificuldades do compasso da educação, o setor brasileiro de seguros tem contado com uma escola especializada – a ENS: Escola de Negócios e Seguros – e vários centros de ensino adjacentes que oferecem disciplinas permanentes e cursos temporários de seguros. A ENS (ex-Funenseg) pode até ser considerada um patrimônio do mercado securitário, já que foi fundada há 50 anos pelas suas principais representações institucionais -de seguradores e de corretores – razão pela qual vem despertando hoje, muito recentemente, depois desse formidável investimento, o apetite de entidades convencionais para investir na capacitação de recursos humanos de um setor tão diversificado quanto complexo.
Já há pelo menos vinte anos que os seguros vêm crescendo a uma taxa anual que supera a da maioria dos outros setores de atividades. Tornou-se fonte de riqueza para a Nação, de investimentos para o País e de empregos para os seus cidadãos. E quase que pelos seus exclusivos méritos, já que apenas muito recentemente vem merecendo maior atenção da área econômica do Governo. É um dos setores de atividades que mais investem em tecnologia, e grande parte das empresas consolidadas mantém o seu próprio centro de inovação, aproximando as famosas insurtechs das suas áreas incumbentes que se apropriam de verdadeiras revoluções de processos e rotinas operacionais.
O resultado desse investimento continuado na formação de profissionais especializados em seguros resulta na mão de obra diferenciada. Historicamente, a ENS sempre teve o cuidado de preparar os corretores para serem consultores, capazes de avaliar rapidamente a realidade econômica de cada consumidor, de forma a oferecer o produto mais adequado. Se atualmente o mercado segurador é reconhecido pela solidez financeira e resiliência, grande parte se deve ao corretor de seguros, que, no contato direto com o público, reforça que o compromisso do setor com a sociedade não se resume a uma relação de compra e venda. E isso, os corretores aprendem na nossa escola. Ensinamento esse que é ampliado para outros securitários, sejam eles administradores, atuários, economistas, contadores, advogados, entre outras importantes especialidades que formam a extensa cadeia de valor dos seguros.
Não foi por outra razão senão a de acompanhar a modernização e ativa inovação permanente do mercado de seguros que a ENS reviu recentemente o seu nome e marca, incorporando os negócios ao seu coração de atividades. Veio, portanto, se preparando para a sadia competição que se avizinha no mercado em que atua.
Eu próprio sou testemunha, como ex-conselheiro da administração da ENS, de todo o verdadeiro turbilhão de mudanças que a colocaram no patamar onde está hoje. Foram muitos milhares de cursos de habilitação de corretores, de cursos regulares para profissionais de seguros sobre as várias etapas da cadeia produtiva dos seguros, curso superior, cursos à distância. E, mais importante, tudo com a reconhecida excelência do seu corpo permanente de docentes ao que se somam gabaritados catedráticos e especialistas que prestam serviços à Escola.
Vivemos uma era de popularização do ensino, nos mais diferentes segmentos de atividades. Por isso, é fundamental ter em conta que todos aqueles que buscam oportunidades profissionais no imenso universo dos seguros querem ter confiança nos propósitos e na isenção de quem lhe oferece o conhecimento. E querem conquistar a sabedoria por meio de contato com entidades e profissionais experientes, em ambiente concorrencial cujo principal atributo seja o respeito à trajetória de cada concorrente e à diversidade de paradigmas e opiniões. Sim, porque missão profissional também se aprende na escola.
Este artigo foi publicado no blog Sonho Seguro Em 30/07/2021