Valor Econômico – 03 de Janeiro de 2022
O ano de 2022 vai começar com a apuração das perdas e danos causados pelo clima em diferentes regiões do país. No Sul, já estão em andamento os levantamentos do Ministério da Agricultura sobre as possíveis perdas nas lavouras de milho e soja por conta da estiagem. No caso das chuvas ocorridas na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, ainda não há dados, mas reuniões e visitas in loco estão previstas para a primeira quinzena de janeiro, afirmou a Pasta. “Somente a partir dessas reuniões, serão decididos os encaminhamentos a serem dados. Primeiro, há que se conhecer e comprovar a extensão dos danos”, disse em resposta ao Valor.
Emater-RS/Ascar diz que a escassez de chuva no Rio Grande do Sul dificulta o avanço expressivo na semeadura da soja. O plantio no Estado alcança 93% da área estimada. No ano passado, 97% das lavouras já estavam semeadas nesta época. O Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) publicou que algumas áreas tiveram que ser replantadas.
A saca soja subiu 2,35% esta semana no Estado e foi comercializada pelo valor médio de R$ 168,47. A situação preocupante levou a Frente Parlamentar da Agricultura Familiar e entidades gaúchas do setor a pedir a prorrogação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) da soja, para poder plantar a soja mais tarde sem perder acesso a políticas públicas, como crédito rural e seguro.
O Departamento de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura negou o pedido e disse que não é possível realizar alterações na janela de plantio neste momento.
O Zarc da soja foi publicado em maio de 2021. “Qualquer proposta de alteração poderá ser avaliada para as safras seguintes, respeitando um período mínimo de 12 meses para que ocorram as devidas avaliações técnicas”, explicou a Pasta. “Alterações dos prazos de Zarc sem estudos técnicos que as fundamentam trazem riscos altíssimos para o Proagro”, ressaltou a Pasta.
As mudanças também podem abalar a confiança estabelecida entre Banco Central, que fornece a maior parte dos recursos para pesquisas nessa política, e o Ministério da Agricultura.