- Por O Estado Online – 30 de janeiro de 2023 – 07:34
O trigo é o cereal mais consumido no mundo pelos humanos, depois do leite e de seus derivados, o qual contribui com 18% das proteínas consumidas e 20% da energia calórica em todos os continentes. Para o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira, Mato Grosso do Sul já foi um grande produtor de trigo.
“É importante discutir as estratégias de ações entre as duas unidades da Embrapa para o êxito do desafio do Estado”, disse Oliveira.
Harley explica que “o entendimento técnico proporcionará juntamente com as parcerias a ser estabelecida, a busca pelas informações ainda necessárias para a solidificação de sistema de produção adaptadas para as diferentes regiões de Mato Grosso do Sul. Além de subsidiar o Estado para implementação de políticas públicas que favoreça a consolidação do trigo e de outros cereais de inverno como uma opção para diversificação de culturas”.
Para isso, é importante destacar que o trigo é o cereal mais consumido no mundo pelos humanos, depois do leite e de seus derivados. O Brasil consome 12,5 milhões de toneladas de trigo, tendo a maior safra da história em 2022 – de 10 milhões de toneladas.
Em reunião com o grupo da pesquisa e de transferência de tecnologias da Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados- MS, o chefe-geral da Embrapa Trigo, localizada em Passo Fundo-RS, Jorge Lemainski, discutiu sobre ações que irão ajudar o Brasil a ser autossuficiente em trigo em menos de cinco anos.
De acordo com ele, o país gasta R$ 10 bilhões por ano com a importação do trigo, sendo que o Brasil possui todas as condições de produzir.
“Queremos demonstrar que o trigo é uma oportunidade que pode dar dinheiro para o agricultor, como complementar a cultura da soja. É uma segunda cultura que melhora e estrutura o solo, reduz as plantas invasoras, melhora a reserva de água interna do solo, diminui o custo de produção da soja como benefício e busca a construção de um ambiente de liquidez que possa remunerar o produtor”, garante Jorge.
Serão instalados, em um primeiro momento, vários métodos de avaliação e de validação de materiais modernos de trigo que possuam características favoráveis para as diferentes regiões do Brasil. Além de Mato Grosso do Sul, serão instalados em Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, além do Distrito Federal. No âmbito técnico, seja no sequeiro ou no irrigado, haverá a demonstração de boas práticas agronômicas para o trigo durante três safras, a ser iniciada em 2023.
No primeiro momento, será definido em que solo serão inseridos os materiais genéticos da cultura.
Já em um segundo plano, que deve ser a partir de março, entram em questão temas acerca das cultivares, época de plantio, vigor e germinação, além da plantabilidade, passando pelos aspectos dos tratos culturais, como adubação de cobertura, avaliações sanitárias, com ênfase nas doenças, chegando à fase de colheita.
“Vamos qualificar e quantificar o grão colhido, para o que ele serve: para panificação, macarrão ou biscoito. Com base nesses dados locais, esperamos gerar informações para os municípios que quiserem integrar esta agenda do trigo tropical de transformar esse trabalho numa oportunidade”, diz Lemainski.
Renda
O chefe-geral da Embrapa Trigo explica ainda que a cada real que se aumenta a renda agropecuária no campo há um impacto de R$ 1,07 na renda não agropecuária da cidade. E a cada real que cresce a renda agropecuária no campo, aumenta-se em R$ 0,67 a receita no caixa do município.
“Fazer agricultura atualmente, é converter luz solar em alimento, fibra e energia, retirando o gás carbônico da atmosfera, fixando-se carbono no solo e, a planta gerando o oxigênio para nós respirarmos.”
Para Lemainski, essa é uma conquista coletiva do conjunto de atores, a partir do produtor, do fornecedor de insumos, das empresas cooperativas e cerealistas que compram e armazenam, da indústria moageira, da indústria de rações.
“Todas fazem parte das políticas de Estados para essa conquista”, afirma.
Sendo assim, a expectativa é de que a Embrapa, juntamente com outras instituições, continue a trabalhar a política de fomento à triticultura nos sete estados do Brasil Central com a chamada Agenda do Trigo Tropical, com o propósito de, nos próximos três anos, ampliar-se em 100 mil hectares a área de trigo, para uma produção esperada de pelo menos 300 mil toneladas a mais. “Esta é a grande vantagem comparativa do país e nós temos tecnologia brasileira para fazer”, finaliza Jorge.