Folha de São Paulo – 22.out.2024 às 11h44 – Lindsay Dunsmuir – Reuters
A transição global para veículos elétricos terá impactos “de longo alcance” no investimento, na produção, no comércio internacional e no emprego, afirmou o FMI (Fundo Monetário Internacional) nesta terça-feira (22), como parte de sua atualização das previsões de crescimento econômico global.
A análise foi incluída no último relatório Perspectiva Econômica Global do FMI, divulgado enquanto as autoridades se encontram nas reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial nesta semana para discutir esforços para impulsionar o crescimento global, lidar com o endividamento excessivo e financiar a transição para a energia verde.
“A crescente adoção de veículos elétricos representa uma transformação fundamental da indústria automotiva global. Ela terá consequências de longo alcance”, avaliou o FMI.
A mudança para veículos elétricos acelerou nos últimos anos e é vista como uma forma fundamental de ajudar os países a atingirem suas metas climáticas.
Em 2022, o transporte foi responsável por 36% das emissões de gases de efeito estufa nos EUA, 21% na União Europeia e 8% na China, apontou o fundo monetário.
A crescente adoção de veículos elétricos foi apoiada pela meta da UE de reduzir as emissões de carros em 50% entre 2030 e 2035 em relação aos níveis de 2021, enquanto o governo dos EUA forneceu subsídios para veículos elétricos e estações de recarga. Na semana passada, o CEO da BMW, Oliver Zipse, afirmou que a meta europeia de acabar com os carros de motor a combustão até 2035 é irreal.
O FMI observou que a indústria automotiva global se destaca por ter salários altos, lucros elevados, grandes mercados de exportação e usar um alto grau de tecnologia.
A aceleração em direção aos veículos elétricos remodelaria esse cenário, particularmente se a China mantiver sua vantagem atual em produção e exportações contra rivais dos EUA e da Europa. Em cenários realistas de penetração de mercado de veículos elétricos, o PIB da Europa seria reduzido em cerca de 0,3% no médio prazo, analisou o FMI.
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“Nesses cenários, o emprego diminui no setor automotivo e a mão de obra é realocada gradualmente para setores menos intensivos em capital (com menor valor agregado por trabalhador)”, afirmou.
Tanto os EUA quanto a UE impuseram tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para combater o que eles dizem ser subsídios injustos de Pequim aos fabricantes chineses.
No mês passado, o governo dos EUA introduziu uma taxa de 100% sobre veículos elétricos chineses, enquanto no início deste mês os membros da UE apoiaram, por uma pequena margem, taxas de importação sobre veículos elétricos fabricados na China de até 45%.
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Até agora, os fabricantes chineses de veículos elétricos têm precificado seus veículos abaixo dos concorrentes, uma vantagem crucial, já que os veículos elétricos atualmente continuam mais caros do que as alternativas a gasolina e a demanda por veículos elétricos vem diminuindo globalmente.
O governo francês disse neste mês que reduzirá seu apoio aos compradores de veículos elétricos, juntando-se à Alemanha, que encerrou seu esquema de subsídios no final do ano passado.