Apesar do seguro automóvel ser o produto de dano com maior penetração no Brasil dentre o que é oferecido pelo mercado, nos últimos dois anos, principalmente pela crise ocasionada pela pandemia de Covid-19, muita coisa mudou na carteira. A mobilidade urbana passou por uma transformação neste período, o lockdown e o home office fizeram com que a grande maioria das pessoas ficassem parte do tempo em casa e deixassem seus veículos na garagem.
Esse movimento fez com que a sinistralidade do seguro caísse drasticamente, principalmente no primeiro semestre de 2020, pois a menor quantidade de carros na rua fez com que o índice de roubos, furtos e colisões diminuísse, proporcionando a queda do preço do produto. Entretanto, com as restrições sanitárias sendo retiradas pelas autoridades, mais gente voltou a circular de carro pelas ruas. Além disso, outra mudança na indústria automotiva fez com que o seguro fosse afetado: a alta entre 20% e 30% no valor dos veículos usados.
Segundo Pedro Pimenta, diretor de Automóveis da Mapfre, três fatores foram fundamentais para que isso acontecesse: a falta de peças para a produção de automóveis, a diminuição de mão de obra nas fábricas e a dificuldade do consumidor ter acesso ao crédito. “O cenário econômico mundial é uma coisa que nos preocupa. Nossa principal inquietação é que as pessoas deixem de participar do mercado, seja por problemas financeiros ou qualquer outro motivo. A segunda é que as pessoas assumam mais riscos no sentido de diminuírem as coberturas do seguro. Sendo assim, é fundamental transmitir de maneira transparente o atual cenário do setor para os clientes”.
O executivo afirma que na Mapfre o custo de reparação dos automóveis subiu, com aproximadamente 6% da carteira acionando o serviço de reparos e 1% apenas solicitando a indenização integral do veículo. Outro ponto relevante é que 30% dos segurados da companhia utilizaram a assistência 24 horas até dezembro de 2021 e 80% o guincho. “Não sentimos perda na renovação das apólices, mas para que isso se mantenha é preciso que a venda de carros novos volte a crescer para que as pessoas não deixem de manter o seguro”.
De acordo com dados da CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização), apenas 30% dos carros que circulam no Brasil contam com seguro. Para Pimenta, a relação custo-benefício do seguro pode passar a ser questionada pelo consumidor nos próximos anos caso as seguradoras não inovem seus produtos e serviços. “O seguro não é um mal necessário como muitos pensam, é apenas uma transferência de risco. A nova regulação vai nos permitir criar seguros que se adéquem a realidade de cada pessoa. Acho que a grande revolução desse ano será o seguro intermitente, mas será necessária uma comunicação muito clara com o cliente para que nenhuma parte seja prejudicada”.
Pimenta ressalta que os corretores de seguros serão fundamentais pra que a carteira cresça e o seguro automóvel faça parte da realidade de todos os motoristas. “Eles são o elo entre os segurados e as seguradoras. Aqui na Mapfre, temos um grupo no qual nossos parceiros, através de suas experiências, nos ajuda a identificar os principais pontos de risco de cada região. Os corretores são importantes na prestação de serviço e isso nos ajuda a fidelizar cada cliente”.
Nicole Fraga
Revista Apólice