Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, a Revista Apólice entrevistou algumas executivas do setor para que elas compartilhassem suas experiências.

Revista Apólice – 9 de março de 2021 17:37

EXCLUSIVO – Quebrando o paradigma de que o mercado de seguros é composto em sua maioria por homens, um estudo da ENS (Escola de Negócios e Seguros) realizado em 2019 apontou que as mulheres correspondem a 55% da mão de obra no setor segurador. A pesquisa mostra dados do ano de 2018 e foi coordenada pela diretora de ensino técnico da entidade, Maria Helena Monteiro, em parceria com o economista Francisco Galiza.

O estudo faz uma análise dessas profissionais, correlacionando não só o mercado de seguros, mas a sociedade no geral e a evolução da presença feminina nos postos de trabalho. Apesar do aumento de mulheres em cargos de gerência, elas enfrentam um desafio a mais ao chegar a mesma posição de um homem: o salário. Segundo um levantamento feito pela consultoria IDados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, as mulheres ganham em geral 80% do salário do homens, variando em cada região do Brasil. O menor índice foi registrado no Mato Grosso do Sul, chegando a 65,4%.

Além disso, a jornada dupla e o cuidado com os filhos sempre foram vinculados ao universo feminino. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres ocupam 53,3 horas por semana com o trabalho, incluindo afazeres domésticos, enquanto os homens tomam 50,2 horas semanalmente. Com a pandemia e o home office, essa sobrecarga de tarefas piorou: uma pesquisa realizada pelo Datafolha em São Paulo indicou que 63% das mulheres tiveram um aumento de responsabilidade dentro de casa.

Disseminando a cultura de equidade de gênero no mercado de seguros, a atuação de organizações como a Associação das Mulheres do Mercado de Seguros (AMMS), o Instituto pela Diversidade e Inclusão do Mercado de Seguros (IDIS) e até coletivos dentro das próprias seguradoras é fundamental para uma maior igualdade no setor. Para celebrar o Dia Internacional das Mulheres, a Revista Apólice resolveu contar um pouco da trajetória de algumas representantes femininas do mercado de seguros.

Fabiana Resende

Fabiana Resende

Graduada em Administração de Empresas com ênfase em Finanças pelo IBMEC, Fabiana iniciou sua carreira atuando no mercado de capitais. Ingressou no mercado segurador em 2005 para assumir o departamento de marketing do Seguro PASI. Atualmente no cargo de vice-presidente da empresa, a executiva é responsável pelas áreas comercial, operações, desenvolvimento de novos produtos, tecnologia dentre outros segmentos estratégicos ligados ao produto.

Para Fabiana, apesar das mulheres serem maioria no mercado, ainda há muito espaço para essa liderança ser ampliada, principalmente nos cargos mais altos das organizações. Segundo a executiva, a sensibilidade e a alta capacidade feminina podem fazer toda a diferença quando bem aplicadas na carreira profissional. “Equilíbrio emocional é fundamental, não só para as mulheres que desejam prosperar no mercado segurador, mas em todas as áreas da vida. O fato de ser mulher não limita ninguém a alcançar seus objetivos. Sinto-me privilegiada em poder unir o propósito do meu trabalho aos meus valores pessoais”.

Erika Medici

Erika Medici

CEO da AXA NO Brasil desde fevereiro de 2020, Erika é formada em Estatística e Economia e conta com 19 anos de atuação no setor de seguros no Brasil. A executiva desenvolveu sua carreira na SulAmérica e foi responsável pela operação de venda da carteira de grandes riscos para a companhia em 2016. Com a operação concluída, liderou a transição de negócios, e desde então vem expandindo sua atuação na empresa.

De acordo com Erika, uma coisa que sempre chamou a sua atenção no mercado segurador é poder trabalhar em um setor que entrega resiliência financeira e tranquilidade para pessoas, empresas e para a sociedade como um todo. “Neste momento de economias em maior retração e crise sanitária, o mercado global de seguros vem mostrando sua importância para a população. Estamos passando por uma grande transformação, por isso minha dica às mulheres que desejam entrar para o mundo do seguro é que trabalhem muito, mas que também estejam antenadas com o contexto mundial. Procure se capacitar e analisar se o projeto onde você deposita suas energias está alinhado ao que você acredita. Caso contrário, pense melhor”.

Paula Lopes

Paula Lopes

Líder de Placement da Marsh para América Latina e com 22 anos de experiência no mercado, Paula é engenheira de formação, mas descobriu no mercado segurador a sua vocação. Ingressou na companhia em 2008 e ocupou diversas posições de liderança, sempre incentivando as suas equipes a inovar e buscarem as melhores soluções para os clientes. Além disso, a executiva é conselheira da AMMS, onde busca fomentar o empoderamento feminino no setor.

Segundo Paula, determinação e ambição de querer fazer mais e melhor, com humildade para corrigir rotas e aprender habilidades com outras lideranças inspiradoras, são a receita para o crescimento pessoal e profissional das mulheres. “O mercado de seguros no Brasil tem muito para desenvolver e há muita oportunidade. Acredito que os seguros têm um papel importante na Gestão de Riscos de todos os clientes e para a continuidade dos seus negócios. Na minha opinião, devemos dar oportunidade para as mulheres crescerem e reconhecer as habilidades delas que são diferentes dos homens, desenvolvendo iniciativas que englobem a realidade feminina”.

Simone Ramos

Simone Ramos

Natural de Camaragibe, Pernambuco, Simone ocupa o cargo de superintendente de Portos, Terminais e Logística na THB Group Brasil. Graduada em Pedagogia e com pós-graduação em logística, riscos e sinistros pela ENS, a executiva possui certificação em Risk Manager pelo AIRM (Alarys Internacional Risk Manager) e especialização em Marine pelo The Chartered Insurance Institute (CII). Ela iniciou sua carreira como auxiliar de sinistros na Bradesco Seguros, há 25 anos após a família se mudar para Manaus.

Também conselheira da AMMS, Simone afirma que enfrentou dificuldades durante a sua carreira e que sempre se sentiu pressionada a mostrar mais para ser reconhecida no ambiente de trabalho. Após ficar afastada por um ano para se dedicar a maternidade, a executiva conta que sofreu cobranças de resultados e principalmente por disponibilidade. “Homens tendem a promover seus semelhantes. Em toda a minha carreira, eu só tive uma líder mulher. Para que essa realidade seja mudada, é preciso reeducar o setor. Seguradoras e corretoras, sejam pequenas ou grandes, devem passar por uma reorganização cultural e estrutural para que nós mulheres possamos estar de fato inseridas no mercado de seguros”.

Cláudia Leite

Cláudia Leite

Atualmente no cargo de diretora comercial de Saúde e Benefícios da MDS Brasil, Cláudia conta com 20 anos de experiência liderando equipes, possuindo habilidades de comunicação e desenvolvimento de pessoas. A executiva trilhou uma sólida carreira em empresas do mercado Financeiro, de Serviços, Comunicação e Saúde, tendo também atuado na gestão de equipes de vendas, gestão comercial de carteiras e em negociações com clientes e parceiros.

Formada em Engenharia Mecânica e Industrial, sua jornada no setor começou como estagiária na Nacional Seguros aos 20 anos de idade. Mãe de gêmeos monozigóticos (idênticos), Cláudia se considera uma pessoa prática e nunca teve problemas em conciliar a maternidade com o trabalho. “Tudo é uma questão de como você lida com os obstáculos. Por conta da minha profissão eu sempre viajei muito, e com a ajuda da tecnologia mesmo à distância eu auxiliava meus filhos com os deveres da escola. Além disso, estudei e comecei minha carreira em ambientes muito masculinos, por isso tive facilidade em lidar com esse tipo de ambiente. As empresas estão com um olhar mais humanizado, e isso é fundamental para que mulheres possam crescer profissionalmente”.,

Nicole Fraga
Revista Apólice