Mercado de previdência privada é a ‘nova menina dos olhos’ do setor de fundos de investimento, afirma especialista.
O Estado de S. Paulo – 05 de Abril de 2021
A pandemia do coronavírus deixou ainda mais em evidência uma realidade difícil no Brasil: grande parte da população não tem planejamento financeiro para o futuro. E quando o assunto é previdência privada, são poucos os que poupam pensando na aposentadoria. ‘A educação financeira é o principal ponto que vai fazer com que o brasileiro passe a ser um investidor mais forte, não só na previdência, mas de maneira geral’, afirma Laiz Carvalho, economista-chefe da Brasilprev, gestora líder em previdência no Brasil.
A taxa básica de juros, a Selic, no baixo patamar de 2,75%, também se tornou um desafio para o mercado de fundos de previdência. Esses produtos eram majoritariamente focados na renda fixa, que viu os retornos derreterem com as quedas sucessivas nos juros. De acordo com Laiz, a palavra de ordem para contornar essa situação foi ‘diversificação’.
l Como a pandemia impactou a Brasilprev? A pandemia trouxe uma certa aversão aos ativos de risco. Vimos uma parte dos nossos clientes migrando para a renda fixa por conta da volatilidade e pelo medo de perder o patrimônio. Mas também vimos clientes utilizando esse movimento de mais volatilidade como oportunidade. Ficamos muito mais próximos do cliente. Fizemos muitos calls, mandávamos informes explicando para eles o que estava acontecendo. Fechamos o ano batendo a meta de R$ 300 bilhões sob gestão.
l Quais foram as medidas tomadas em 2020 para evitar saques nos fundos, principalmente com a queda da Selic? Como havíamos projetado que 2020 seria o ano da diversificação, existiam diversos produtos na nossa plataforma esperando para serem lançados e que poderiam ajudar nossos clientes nesses momentos de volatilidade. As pessoas começaram a ver que o rendimento em renda fixa pós-fixada estava muito menor e que precisariam diversificar os investimentos. Lançamos 4 carteiras baseadas no apetite de risco do cliente arrojado, conservador ou moderado. Está tendo receptividade muito boa.
l Qual o impacto do novo ciclo de alta dos juros no mercado? Já esperávamos. O que acabou pegando os economistas de surpresa foi esse aumento mais rápido da Selic. A expectativa é que o ano termine com juros entre 4% e 5%, mas ainda é um momento de oportunidade para o investidor brasileiro.
A previdência é para se preparar para o futuro.
l Quais as principais tendências para o segmento de previdência privada no Brasil? É um mercado que deve continuar bastante desafiador. Vemos de maneira bastante positiva o ‘open insurance’, a entrada de novos concorrentes. Estamos caminhando para trazer nosso investidor para esse mundo das economias mais desenvolvidas, que aplica mais de 70% em ativos muito arriscados. O brasileiro investe pouco nesse nicho. Eu vejo o mercado de previdência como a nova menina dos olhos do segmento de fundos de investimento.
Como se manter como a maior do mercado?
A empresa como um todo é voltada para o mercado de previdência. Esse é o grande diferencial. Nesse momento de pandemia, fomos a empresa de previdência que mais captou em ativos de multimercado previdenciários. Não adianta sermos a maior empresa se nosso cliente está recebendo uma rentabilidade baixa comparado ao que ele poderia ter. Sempre tentamos nos atualizar.
Por que fazer previdência privada?
A previdência privada vem para complementar o valor que você vai receber da previdência social no futuro. O momento em que você é economicamente ativo é o momento para guardar dinheiro.
Dados do Relatório Global do Sistema Previdenciário 2020 mostram que cerca de 90% dos brasileiros não guardam dinheiro pensando na aposentadoria. Como atrair esse público?
Na média, o brasileiro não está preparado para o futuro. Muitos ficaram desempregados ou com redução de salário durante a pandemia sem planejamento financeiro. O grande desafio para o brasileiro investir melhor é a educação financeira. Aprender a controlar as finanças, para depois começar a pensar em investimentos e em previdência privada. Já existem muitos fundos com aplicação mínima de R$ 1. Isso faz com que esse tipo de ativo seja mais acessível para a população. Mas não adianta dar acesso sem educação financeira. Sem o conhecimento, vamos repetir o movimento de 2019, com pessoas investindo em ativos e setores que não entendem muito bem e acabam perdendo dinheiro.