Valor Econômico – 04 de Março de 2020

O Valor Econômico relata que, nos últimos quatro anos, o número de “insurtechs” criadas no Brasil foi quase o mesmo daquele registrado nas duas décadas anteriores, segundo mostra levantamento realizado pela consultoria KPMG em parceria com a Distrito, plataforma de inovação que conecta startups, empresas e investidores.

No período de duas décadas entre 1996 e 2015, surgiram no país 57 insurtechs, as startups voltadas ao setor de seguros. Já entre 2016 e 2019, foram criadas 56 empresas, totalizando 113 identificadas pelo estudo. Desde a primeira versão do estudo, em 2018, sete empresas deixaram de operar, em uma taxa de mortalidade de 6,14% e uma média de 6,3 anos de vida.

“Houve um forte crescimento de formação de insurtechs no país nos últimos anos, mostrando que se trata de um mercado em estágio de maturação, mas com perspectivas de crescimento excelente”, disse o sócio da KPMG, Oliver Cunningham. “É fácil explicar o motivo: os seguros são serviços baseados em muita informação, assim como os bancários, e de fácil digitalização.”

O perfil das insurtechs identificado no estudo mostra o estágio de maturidade dessas companhias. A maioria delas – 70% do total – tem menos de 20 funcionários, enquanto 18% têm entre 21 e 50 funcionários e o restante possui mais de 50 funcionários.

Além disso, 67,3% têm faturamento presumido de até R$ 5 milhões. Outras 19,8% têm faturamento entre R$ 5 milhões e R$ 20 milhões e 12,9%, acima de R$ 25 milhões. De acordo com Cunningham, o processo de desenvolvimento das insurtechs é mais lento, em comparação às fintechs e outras startups, refletindo a dinâmica da própria indústria de seguros, uma vez que o processo de aquisição do cliente leva mais tempo porque as apólices são renovados a cada ano.

As insurtechs têm como premissa resolver os problemas e melhorar a eficiência dos processos, atuando diretamente dentro das empresas. Os dados mostram que 55,8% das insurtechs vendem seus produtos e serviços a outras empresas, 38,9% oferecem ao consumidor final e 5,3% vendem às companhias que, por sua vez, comercializam o produto ou serviço aos consumidores (no modelo B2B2C). Metade delas tem foco em infraestrutura e processos internos, que representam 47,8% do total. Elas trabalham em parceria com seguradoras já existentes resolvendo problemas de eficiência do mercado. Outras 31% atuam com produtos e distribuição, 14,2% com marketplace e comparação de preços e 7% com serviços adicionais.

Cunningham diz que, por enquanto, as insurtechs ainda estão focadas em trabalhar para resolver problemas operacionais, mas que aos poucos têm se voltado ao produto em si, quando haverá mais potencial de crescimento e possivelmente para o surgimento de unicórnios – startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. Embora a quantidade de mulheres sócias nas insurtechs, de 14,4% do total, seja superior ao das fintechs, que são apenas 11%, a fatia ainda está inferior à de outros setores, a exemplo das startups da área de educação, com 21%, e da área de direito, com 25%. A idade média dos sócios é de 44 anos e 73,1% têm superior completo. Em média, o número de sócios é de três.

Seguindo a concentração de consumo dos seguros no país, quase 70% das insurtechs estão sediadas no Estado de São Paulo, enquanto 6,5% estão em Minas Gerais e 5% no Rio Grande do Sul. Do total de startups ligadas a seguros, 74,3% estão no Sudeste, 17,7% no Sul, 4,45% no Centro-Oeste, 2,7% no Nordeste e 0,9% no Norte.