Sonho Seguro – NOTÍCIAS E ANÁLISES – 09/08/2023 07:49 – POR DENISE BUENO
Uma série de tempestades generalizadas atingiram os EUA e representaram 68% dos US$ 50 bilhões em perdas globais seguradas por catástrofes naturais no primeiro semestre de 2023, destacando os crescentes impactos de perdas de perigos secundários. As perdas econômicas gerais decorrentes de catástrofes naturais totalizaram US$ 120 bilhões, em comparação com US$ 123 bilhões no período do ano anterior, 46% acima da média de dez anos. Já as perdas causadas seguradoras pagas por eventos causados pelos homens, somaram US$ 4 bilhões.
“Com tempestades severas como o principal fator para perdas seguradas acima da média no primeiro semestre de 2023, esse risco secundário torna-se um dos principais impulsionadores globais de perdas seguradas. As perdas médias reafirmam uma tendência de crescimento anual de 5 a 7% nas perdas seguradas, impulsionadas por um clima mais quente, mas ainda mais, por valores econômicos em rápido crescimento em ambientes urbanizados, globalmente. Os eventos de ciclone e inundação na Nova Zelândia no primeiro trimestre de 2023 são testemunhos do risco para os grandes centros urbanos de hoje, continuando os padrões observados em 2021 nas inundações na Alemanha e em 2022 na Austrália e na África do Sul”, comentou Martin Bertogg, chefe de Riscos de Catástrofes da Swiss Re, em estudo divulgado.
Tempestades convectivas severas – tempestades associadas a trovões, raios, chuva forte, granizo, ventos fortes e mudanças bruscas de temperatura – causaram US$ 35 bilhões (quase 70%) em perdas seguradas em todo o mundo no primeiro semestre de 2023. Isso significa que as perdas seguradas são quase duas vezes mais alta em um período de seis meses do que a média anual dos últimos dez anos (US$ 18,4 bilhões).
Nos EUA, uma série de fortes tempestades provocou perdas seguradas de US$ 34 bilhões no primeiro semestre de 2023, as maiores perdas seguradas em um período de seis meses. Dez eventos causaram perdas de US$ 1 bilhão ou mais cada, em comparação com uma média anual de seis eventos nos dez anos anteriores. O estado mais afetado foi o Texas.
A Nova Zelândia foi atingida por dois eventos climáticos severos com apenas duas semanas de intervalo no início de 2023, destacando o risco crescente de perigos relacionados ao clima atingindo grandes centros urbanos. Em particular, a Ilha do Norte da Nova Zelândia foi atingida sucessivamente no primeiro trimestre por fortes inundações em Auckland, a maior cidade do país, e pelos remanescentes do ciclone Gabrielle. Ambos se tornaram os dois sinistros segurados relacionados ao clima mais caros na Nova Zelândia desde 1970, com perdas seguradas combinadas estimadas em US$ 2,3 bilhões.
“Os efeitos da mudança climática já podem ser vistos em certos perigos como ondas de calor, secas, inundações e precipitação extrema. Além do impacto da mudança climática, o planejamento do uso da terra em zonas costeiras e áreas ribeirinhas e expansão urbana no deserto, geram uma combinação difícil de reverter de exposição de alto valor em ambientes de maior risco. Medidas de proteção precisam ser tomadas para que os produtos de seguro permaneçam econômicos para essas propriedades de alto risco. investir em mais adaptação climática”, afirma Jérôme Jean Haegeli, economista-chefe do grupo Swiss Re.
Chuvas fortes na região de Emilia-Romagna, no norte da Itália, em meados de maio, causaram grandes inundações e perdas seguradas esperadas de mais de US$ 0,6 bilhão, o evento climático mais caro no país desde 1970. As perdas econômicas estimadas foram de US$ 10 bilhões. Com 94% das perdas sem seguro na Itália, o importante papel do seguro como meio de preencher a lacuna de proteção e ajudar as famílias a fortalecer sua resiliência financeira contra catástrofes naturais torna-se óbvio.
O norte da Itália experimentou condições de seca nos últimos dois anos. Com a forte precipitação, o solo rapidamente ficou saturado, levando ao aumento do escoamento e inundações. A tendência geral mostra um aumento significativo da seca no sul da Europa. No entanto, mudanças na sazonalidade podem levar a eventos de chuvas fortes menos frequentes, mas mais intensos.
Desde o início de julho, os EUA, o noroeste da China e o sul da Europa se tornaram focos de ondas de calor este ano. No sul da Europa, o tempo seco e os ventos fortes agravaram os incêndios florestais (muito provavelmente induzidos pela atividade humana) em muitas ilhas gregas, bem como em Itália e na Argélia, embora ainda seja muito cedo para estimar os prejuízos tanto económicos como segurados.
Os terremotos ainda causam algumas das consequências humanitárias e financeiras mais graves. O desastre mais caro, tanto em termos de perdas econômicas quanto seguradas, foi o terremoto na Turquia e na Síria, causando danos materiais e afetando a subsistência de milhões de pessoas em toda a região. De acordo com a Swiss Re, as perdas seguradas são estimadas em US$ 5,3 bilhões, enquanto as perdas econômicas preliminares são de US$ 34 bilhões, estima o Banco Mundial.