Sonho Seguro – 26/03/2024 11:06 – POR DENISE BUENO – POST ATUALIZADO ÀS 19H20

Uma das principais pontes de Baltimore, nos EUA, se rompeu e desabou depois que um navio porta-contêineres “esbarrou” em sua estrutura que é maior do que a extensão da avenida Paulista, em São Paulo. O acidente aconteceu na madrugada desta terça-feira, 26, e vários veículos caíram no rio abaixo. As equipes de resgate estavam procurando pelo menos sete pessoas na água. Duas pessoas foram resgatadas e uma delas está em estado grave, segundo o chefe dos bombeiros de Baltimore, James Wallace.

Segundo as agências internacionais de notícias, o comissário da polícia de Baltimore, Richard Worley, afirmou que não existe nenhuma indicação de que o desabamento da ponte foi um ato de terrorismo. A ponte, que dava acesso ao porto de Baltimore, foi inaugurada em 1977. O porto é o maior para embarque de carros e caminhões leves dos EUA.

A embarcação parece ter atingido um dos suportes da ponte Francis Scott Key, fazendo com que a estrada se rompesse em vários pontos e caísse na água, de acordo com um vídeo postado no X, anteriormente conhecido como Twitter. O Dali, a caminho do porto de Baltimore para Colombo, no Sri Lanka, foi fretado pela AP Moeller Maersk, com sede na Dinamarca, e transportava carga de clientes da Maersk. Todos os 22 tripulantes a bordo, incluindo dois pilotos, foram encontrados e não há relatos de feridos entre eles, disseram os proprietários e administradores do navio.

Este tipo de acidente coloca o mercado local e internacional de seguros em polvorosa. Afinal, um acidente desta dimensão tem impactos em diversas carteiras de seguros e pode afetar diversas regiões, numa forma dos res/seguradores buscarem o equilíbrio da carteira caso a perda seja relevante nos resultados.

De acordo com Anderson Romani, diretor executivo da corretora de seguros Wiz Corporate, os danos consequentes são maiores do que o próprio dano material. “Embora a gravidade ainda não tenha sido determinada, está claro que o acidente terá impacto em diversas linhas de negócios, como propriedade, carga, responsabilidade, crédito comercial e interrupção contingente de negócios, com seguradoras e resseguradoras envolvidas na perda”, comentou.

Por sua experiência com outros acidentes similares, Romani estima um tempo longo para a reconstrução. “Imagina o tempo que levará para remover toda a estrutura do mar e voltar a passar navios e veículos, sendo ali o maior porto de automóveis dos EUA e um dos maiores em commoditites”, avalia.

No final do dia, um relatório da Insurance Insider informou que a Chubb é líder para colocação de propriedades na ponte Francis Scott Key, comprovando que nos Estados Unidos o seguro realmente faz parte da cultura da sociedade. Tem seguro para tudo. Outra informação que veio a público durante a tarde foi o custo de reconstrução da ponte, estimado em mais de US$ 600 milhões, de acordo com uma reportagem da Sky News. Outro comentário foi que a Aon intermediou a apólice da ponte para a sua construção, valor e substituição, mas os relatórios sugerem que quaisquer reclamações contra esta deverão resultar na sub-rogação da cobertura de seguro do armador.

O alvo das reparações das perdas deve se concentrar na seguradora que faz o seguro de responsabilidade civil do navio, que é de Cingapura.A seguradora mútua marítima com sede em Londres, The Britannia P&I Club, confirmou que o Dali é segurado pelo clube para proteção e responsabilidades de indenização. A embarcação também terá cobertura de casco e carga, disseram fontes.

Os clubes individuais retêm US$ 10 milhões em qualquer reivindicação, e as reivindicações superiores a US$ 10 milhões são compartilhadas entre os clubes do grupo. O grupo também compra resseguro de excesso de perdas do grupo para cobrir até US$ 3,1 bilhões no mercado aberto. A Axa XL lidera o grupo de cobertura de excesso de perdas, segundo informações divulgadas no site do Grupo Internacional, informa o portal Business Insurance.

Excedendo US$ 30 milhões, o pool do Grupo Internacional também é ressegurado pela Hydra Insurance Co. Ltd., cativa do grupo domiciliado nas Bermudas, uma empresa de telefonia celular incorporada. Cada um dos 12 clubes do Grupo tem sua própria conta ou célula segregada, delimitando seus ativos e passivos das outras células do clube.

Em comunicado, o Synergy Marine Group, gestor da embarcação, disse que os proprietários e gestores estão cooperando plenamente com os órgãos federais e estaduais. A causa exata do incidente ainda não foi determinada, disseram, acrescentando que não houve poluição.

Segundo fontes brasileiras e citadas por diversas mídias internacionais, o que está claro é que este acidente tem o potencial de se tornar a maior perda marítima segurada de sempre, ultrapassando o custo de mais de US$ 1,5 bilhão do evento Costa Concordia, que naufragou em 2012.

Os desastres marinhos mais caros dos EUA, segundo a Insurance Business

Derramamento de óleo em águas profundas da Horizon (2010)
Custo econômico: Mais de US$ 65 bilhões. O derramamento de óleo da Deepwater Horizon no Golfo do México é um dos desastres ambientais mais devastadores da história dos EUA. A BP, a empresa petrolífera responsável, gastou milhares de milhões em limpeza, restauração ambiental, multas e compensação por perdas económicas. Lloyd’s de Londres, Partner Re e Hannover Re tinham exposição, enquanto a BP tinha alguma cobertura de seguro através da sua cativa.

Derramamento de óleo do Exxon Valdez (1989)
Custo econômico: Os custos totais estimados, incluindo limpeza, multas e liquidações do derramamento de petróleo do Exxon Valdez, foram de cerca de 7 mil milhões de dólares. O derramamento de óleo do Exxon Valdez em Prince William Sound, no Alasca, causou danos ambientais de longo prazo. A International Tanker Indemnity Association supostamente pagou US$ 400 milhões após o vazamento, com a Exxon também tendo entrado com ações sob cobertura com um limite de US$ 600 milhões.

Derramamento de óleo em Cosco Busan (2007)
Custo econômico: Mais de US$ 100 milhões. O navio porta-contêineres Cosco Busan atingiu a ponte São Francisco-Oakland Bay, derramando aproximadamente 53.000 galões de óleo combustível na Baía de São Francisco. Os custos incluíram esforços de limpeza, restauração ambiental e compensação para empresas e comunidades afetadas.

Derramamento de óleo do comerciante americano (1990)
Custo econômico: Os custos estimados de limpeza e compensação foram superiores a 50 milhões de dólares. O petroleiro American Trader derramou quase 417 mil galões de petróleo bruto na costa de Huntington Beach, Califórnia, afetando a vida marinha e as praias locais.