Revista Apólice – 17/07/2017
Apesar das altas taxas de juros e do aumento do desemprego, as Micro e Pequenas Empresas foram o nicho econômico que conseguiu manter-se ativo neste período conturbado. Mesmo com sua forte presença em todos os setores da economia, como construção civil, indústria, comércio e serviços, além dos pequenos produtores rurais, elas também sofreram efeitos da crise econômica.De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, as micro e pequenas empresas representavam 27% do PIB brasileiro, em 2011. Elas são 98,5% das empresas privadas brasileiras. No entanto, a penetração do mercado de seguros neste representativo mercado ainda é muito pequena, não chegando a 5%, conforme executivos do setor.Em um momento em que a economia apresenta perfil recessivo, as seguradoras do mercado buscam neste filão de empresas novos consumidores. Ao contrário das grandes corporações, as PME´s têm poder de barganha menor e não pressionam as seguradoras para baixar o preço. Por outro lado, elas estão aptas a consumir produtos de prateleira.Como a sua área de atuação é a mais diversa possível, as seguradoras e operadoras de planos de saúde e odontológicos começam a segmentar a oferta de produtos. Várias delas já lançaram no mercado produtos com foco em um ramo de atividade, como petshops e salões de cabeleireiros, por exemplo.O perfil do empreendedor está mais definido, segundo dados de uma pesquisa realizada pelo órgão. As mulheres já correspondem a 51% dos empreendedores iniciais, e está aumentando o número de pessoas com mais de 55 anos que se aventuram no mundo dos negócios, conforme aponta a pesquisa do Grupo Monitor Global do Empreendedorismo. De acordo com o estudo, em 2012, 7% dos empreendedores iniciais tinham mais de 55 anos. Em 2016, esse número saltou para 10%. Já a participação dos brasileiros empreendedores que têm entre 18 e 24 anos, passou de 18%, em 2012, para 20%, em 2016.Segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, quem assume qualquer atividade privada deve estar ciente dos riscos que corre, porque empreender implica em correr riscos. “O lucro é o prêmio da eficácia de quem assume um risco”, disse. Cabe ao mercado de seguros auxiliar os empresários a mitigar estes riscos.É papel do Sebrae orientar o empreendedor, transmitindo a ele conceitos de educação financeira. Na edição de 2016, o GEM trouxe uma boa expectativa para o futuro: o empreendedorismo por oportunidade voltou a crescer. 75% dos empreendedores nascentes – aqueles que estão envolvidos com a abertura de uma empresa – estão buscando esse caminho porque encontraram um nicho de atuação. Houve uma ligeira melhora na proporção de novos negócios por oportunidade. Foram 57,4% em 2016, contra 56,5%, em 2015.“Com a lei da terceirização, o empreendedorismo deve aumentar bastante, porque trabalhando sem registro ele vai identificar novas oportunidades no mercado”, acredita Afif. A lei da terceirização vai ser muito utilizada como fornecedores do novo encadeamento produtivo desta nova cadeia digital.De qualquer forma, principalmente para os seguros de benefícios, o fato das PME´s representarem 54% das carteiras assinadas em 2015, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais, é um alento. Além disso, pela sua flexibilidade e rápido poder de decisão, elas são um nicho atraente para todas as carteiras.A palavra do corretorSe, por um lado, as seguradoras bradam aos quatro ventos que incentivam os corretores de seguros, com treinamento e remuneração, para comercializar produtos para as micro e pequenas empresas, na rua, o profissional não percebe esta motivação.O corretor de seguros Erick Santos sente que, algumas vezes, ao invés de incentivo, há certa pressão das seguradoras para a venda de outros produtos. “Se a seguradora tem um produto diferente, ela cobra que ele seja oferecido ao cliente. Nem sempre isso é possível”, lamenta.Outro problema é que, em alguns casos, os produtos oferecidos para as PME´s têm custo elevado. Pela experiência de Santos, as PME´s ainda dependem de um intenso trabalho de divulgação para conhecer o que o mercado de seguros pode oferecer de proteção.“Normalmente, nós temos que oferecer e mostrar os produtos que o mercado possui. Quando sou procurado por uma empresa, normalmente é porque ela já teve um sinistro e quer se resguardar para eventos futuros”, avalia Santos.Para ele, a lógica do preço também funciona nas micro e pequenas empresas. Entretanto, cabe ao corretor de seguros estar atento às necessidades deste nicho. Por exemplo, várias categorias de trabalhadores exigem o seguro de vida em sua Convenção Coletiva de Trabalho. “Qualquer padaria precisa deste produto. Neste caso, temos que aproveitar para ofertar novas proteções”, antecipa e garante: “o mercado de PME´s é grande e generoso”.Fonte:
PME’s formam o maior público potencial para o mercado de seguros