Notícias | 2 de maio de 2023 | Fonte: Antonio Penteado Mendonça / Estadão

Seguro não é barato. Entre as formas de proteção patrimonial, dependendo das alternativas, é até a mais cara. Se for possível neutralizar os riscos, minimizar as chances da ocorrência de eventos capazes de causar prejuízos e perdas, proteger as instalações com equipamentos de prevenção de perdas, o seguro fica caro e é até mesmo dispensável.

Mas existem riscos que não podem ser trabalhados através da gerência de riscos e, consequentemente, necessitam do seguro para sua proteção. É o caso típico dos seguros de veículos. Por mais que se adotem medidas para minimizar o risco de acidentes com veículos, não há como neutralizá-los completamente, até porque várias situações não dependem da vontade do segurado. Uma colisão causada por terceiro, uma árvore que cai sobre o veículo, um furto ou um roubo estão além da capacidade do proprietário de tomar medidas efetivas para sua proteção.

Diante desse quadro, o seguro é a ferramenta mais eficiente e barata que existe. O preço médio do seguro de um automóvel no Brasil deve estar abaixo dos R$ 3 mil. Todavia, o preço de compra de um carro zero-quilômetro começa na casa dos R$ 70 mil. Quer dizer, a diferença entre as duas ordens de grandeza fala por si. O preço da proteção compensa, ainda que nas perdas parciais o segurado tenha de suportar uma parte do custo, pela aplicação da franquia, e esse valor deve ser acrescido ao preço do seguro.

A soma do preço do seguro com a franquia deve chegar, na média, perto dos R$ 6 mil, enquanto o conserto de uma colisão, num veículo popular, pode tranquilamente ultrapassar os R$ 30 mil. E, no caso de uma perda total por acidente ou roubo, o valor é bem maior, já que corresponde ao preço de mercado do carro.

Quantos brasileiros têm dinheiro para suportar perdas dessa ordem de grandeza sem se importarem com o tamanho do prejuízo? R$ 30 mil, R$ 60 mil, R$ 100 mil não fazem diferença? Que sorte a sua, mas essa não é a realidade da imensa maioria da população, ainda mais neste momento em que metade dos brasileiros vivem com até um salário mínimo por mês.

É verdade, nós temos muita gente rica para quem, entre secos e molhados, esses valores não seriam uma perda insuportável. Todavia, são justamente eles que não deixam de contratar seguros para seus veículos. Eles sabem que uma coisa é perder R$ 100, e outra completamente diferente é perder R$ 30 mil. Por que eles perderiam R$ 30 mil se podem minimizar o prejuízo pagando, entre o preço do seguro e a franquia, R$ 6 mil?

Só louco joga dinheiro fora. É por isso que eu fico impressionado quando vejo que menos de 25% da frota nacional é segurada. Alguma coisa está errada, inclusive se levarmos em conta que nos últimos anos a idade média da frota tem envelhecido. Esse dado explicaria por que alguns seguros não seriam interessantes, mas mesmo isso tem mudado graças ao lançamento de novas modalidades de seguro visando os modelos mais antigos.