Notícias | 7 de agosto de 2023 | Fonte: Extra

Impulsionada pela pandemia da covid-19 e por preços mais acessíveis, a procura por planos de assistência funeral dobrou no país nos últimos cinco anos. É o que aponta um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), adiantado ao EXTRA, que calcula que a arrecadação passou de R$ 602 milhões em 2018 para R$ 1,2 bilhão em 2022, com indenizações passando de R$ 888 milhões no período.

Só nos cinco primeiros meses de 2023, o Seguro Funeral avançou 18%, com mais de R$ 555 milhões arrecadados. O produto tem coberturas que podem compreender desde sepultamento ou cremação até o registro de óbito em cartório, além de atendimento e organização da cerimônia.

Presidente da Comissão de Produtos de Risco da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Ana Flavia Ribeiro Ferraz explica que a assistência é uma dos serviços mais populares oferecidos pelas seguradoras no país hoje.

– Grande parte dessa representatividade resulta também da oferta cada vez mais simplificada, do preço e da flexibilidade do seguro funeral, que pode ser contratado tanto como um seguro individual quanto uma proteção para toda família, incluindo pais, sogros, cônjuge e filhos – afirma.

A MAG Seguros – que cobre despesas do funeral ou a realização de todos os trâmites do sepultamento apenas do segurado ou também de familiares, a depender do plano contratato – registrou um aumento de 18% no primeiro semestre deste ano na contratação na modalidade individual.

Na avaliação de Rodrigo Cunha, gerente de Produtos da empresa, além do custo mais acessível, a conscientização da população no pós-pandemia impactam a procura pelo serviço:

– Há uma preocupação legítima com situações inesperadas de vulnerabilidade. Além disso, saber que seu familiar não precisará se preocupar com toda a burocracia que envolve providenciar um funeral, num momento de dor e perda, é um fator muito importante para a elevação nas buscas pela contratação deste seguro.

Na ponta do lápis

Já na Sinaf, o aumento foi de 20% na procura. Segundo a empresa, o crescimento foi alavancado por clientes de perfil mais jovem, principalmente trabalhadores informais, que atuam como entregadores, motoristas de aplicativos e pequenos empreendedores.

“O Seguro Funeral já é um produto muito consolidado especialmente entre as classes de menor renda, mas temos um aumento na procura por esse público que busca soluções de proteção financeira para suas famílias e de apoio e orientação em momentos difíceis como o do falecimento de um ente querido. O agravamento da violência urbana também é um fator importante, especialmente para este perfil”, destacou companhia.

Na hora de decidir se vale ou não a pena a contratação, é preciso fazer as contas. Professor de Direito da FGV, Gustavo Kloh orienta que o caminho é calcular qual o custo a longo prazo do contrato e quanto a cobertura avulsa e os trâmites custariam.

– O problema do plano funeral é justamente você não saber por quanto tempo vai pagar. Em princípio é um bom produto, tanto que as pessoas estão procurando. Mas é importante entender o custo a longo prazo.

Kloh também explica que, apesar de serem oferecidos principalmente por seguradoras, os planos de assistência funerária não são seguros, mas serviços. Dessa forma, a prestação do serviço é desregulamentada, ficando fora da atuação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), agência reguladora do setor.