Sonho Seguro – 29/04/2025 06:48 – por Denise Bueno

As perdas seguradas globais por catástrofes naturais podem chegar a US$ 145 bilhões em 2025, seguindo a tendência de crescimento anual de 5% a 7%, de acordo com estudo do Swiss Re Institute. O aumento é impulsionado principalmente por riscos secundários, como tempestades severas, enchentes e incêndios florestais. Já os riscos primários, como furacões e terremotos, continuam sendo as principais ameaças, com potencial para elevar as perdas seguradas a US$ 300 bilhões ou mais em anos de eventos extremos.

O ano de 2025 começou com incêndios florestais em Los Angeles, que geraram perdas seguradas estimadas em US$ 40 bilhões. Apesar da magnitude do evento, o Swiss Re Institute alerta que a ocorrência de um grande furacão ou terremoto em áreas urbanas densamente povoadas poderia dobrar as perdas anuais em relação à tendência histórica.

“Além de transferir riscos tradicionais, o mercado de resseguros oferece dados, análises e conhecimento sobre onde estão os perigos. Somos o amortecedor quando o risco se materializa em desastre e um parceiro essencial na discussão sobre conscientização e prevenção de riscos”, afirmou Urs Baertschi, CEO de Resseguros de P&C da Swiss Re.

Segundo o instituto, anos de pico, provocados por poucos eventos de riscos primários ou pela combinação de riscos primários e secundários, não devem ser considerados anomalias. O último ano de pico foi 2017, impulsionado pelos furacões Harvey, Irma e Maria. Desde então, o risco subjacente aumentou com o crescimento econômico, a expansão urbana e os efeitos das mudanças climáticas em algumas regiões.

“Nossa análise de mais de 200 modelos internos e da tendência de perdas nos últimos 30 anos mostra o que está em jogo: um furacão severo ou um grande terremoto em área urbana pode facilmente gerar perdas seguradas de US$ 300 bilhões em um único ano”, explicou Balz Grollimund, chefe de Riscos Catastróficos da Swiss Re.

Estudos do Swiss Re Institute também indicam que furacões históricos do início do século 20 causariam hoje perdas seguradas superiores a US$ 100 bilhões, em função do crescimento econômico e populacional. Por exemplo, o furacão Andrew, que em 1992 gerou perdas seguradas de US$ 35 bilhões (valores atualizados), causaria hoje perdas quase três vezes maiores se seguisse a mesma trajetória. Já o furacão Katrina, responsável pela maior perda segurada da história, causaria atualmente cerca de US$ 100 bilhões em perdas, considerando a alta nos custos de construção e a redução de 20% da população local em sua trajetória.

Exposição aos desastres impulsiona custos de sinistros nos EUA

Apesar da alta global na severidade das perdas, os Estados Unidos concentraram quase 80% das perdas seguradas globais em 2024, devido à vulnerabilidade a furacões, tempestades severas, enchentes, incêndios e terremotos. Estados como Flórida, Texas, Califórnia, Louisiana e Colorado respondem por cerca de 50% de todas as perdas de catástrofes naturais do país. Na Flórida, os prêmios por domicílio são o dobro da média nacional, refletindo a elevada exposição a furacões. Na Califórnia, as áreas com maior risco de incêndios concentram os prêmios mais altos.

A Swiss Re destaca que a redução das perdas desde o início, por meio de medidas de mitigação, é fundamental para manter a viabilidade do seguro e controlar o custo para os segurados. De acordo com estudo do instituto, a proteção contra enchentes por meio de diques, barragens e comportas é até dez vezes mais econômica do que reconstruir após um desastre.

“Colaboração estreita entre os setores público e privado é vital para fortalecer as medidas de proteção e reduzir as perdas. Além disso, um setor de resseguros bem capitalizado, com US$ 500 bilhões em capital global, é essencial para absorver choques e acelerar a recuperação de comunidades e economias”, afirmou Jérôme Haegeli, economista-chefe do Grupo Swiss Re. “Por isso, é importante que o capital do setor cresça na mesma proporção do aumento dos riscos.”

Perdas econômicas e seguradas em 2023 e 2024

Em 2024, as perdas seguradas globais por catástrofes naturais somaram US$ 137 bilhões, impulsionadas pelos furacões Helene e Milton, tempestades severas nos EUA, incêndios florestais e grandes enchentes em diversas regiões do mundo.