O ritmo de crescimento dos carros elétricos no Brasil segue acelerado e as projeções da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) confirmam isso.
De acordo com a entidade, os veículos leves eletrificados podem responder por algo entre 12% e 22% do mix de vendas em 2030 no país e de 32% a 62% em 2035. Nesse momento, os modelos eletrificados respondem só por 3% do mix de vendas de veículos leves, ou 2.860 emplacamentos.
Segundo o diretor comercial da Ituran , Roberto Posternak, “as sucessivas altas dos combustíveis aumentou a atenção por carro elétrico e, a tendência, é que o segmento cresça exponencialmente nos próximos anos”, comentou o executivo.
Ainda segundo Posternak, “com aumento de demanda e conhecimento de mercado, a tendência é de que as empresas seguradoras reduzam os preços das apólices dos eletrificados — e essa demanda pela busca do produto — vai expandir nos próximos anos”.
Separamos as dúvidas em perguntas, e três representantes (um de cada empresa) responderam para nós do iG Carros . Representando a Suhai, temos Jorge Martinez (Diretor de Produto). Enquanto isso, o Nícolas Ferrara (Gerente de Produto) nos ajudou em nome da Youse. Além deles, contamos com a participação de Manes Erlichman, Diretor de Seguros da Creditas.
Os especialistas concordam com o fato de que as tecnologias EVs são o caminho para a reestruturação da matriz energética , quer por consciência ecológica ou pela futura redução de disponibilidade de combustíveis fósseis. E vemos, cada vez mais, os fabricantes traçarem metas para atender a crescente demanda pelos veículos elétricos .
Na Youse, por sua vez, a migração da mobilidade é vista como uma oportunidade. Diante disso, acredita na possibilidade da criação de produtos mais inovadores no mercado de seguros, que será concretizado, principalmente, quando ocorrer a popularização dos elétricos .
A Creditas destaca que, hoje, o mercado dos elétricos está muito atrelado aos clientes de maior poder aquisitivo, cujo histórico de sinistralidade é menos recorrente do que em outros mercados mais acessíveis.
Além do mais, algo que as três disseram que as seguradoras ainda possuem poucos dados devido à pequena comercialização desses veículos no mercado nacional.
A Youse oferece apenas o seguro para carros elétricos . O grande diferencial para a empresa é que, o cliente proprietário de um veículo elétrico, possui as mesmas condições, coberturas e serviços de um cliente que contrata um seguro para um veículo convencional, algo que ocorre também com a Creditas.
Já a Suhai oferece as mesmas coberturas disponíveis para os veículos que se utilizam de outros combustíveis, tanto para motos como para carros. São coberturas para Roubo/Furto do veículo com Assistência 24h, podendo ser incluídas as coberturas para Perda Total por Colisão/Danos e para Colisões em veículos/bens de Terceiros ( RCF-V).
Ainda falando da Suhai, ela diz que se destaca mais no mercado de seguros para motos elétricas do que para carros elétricos , até o momento. Apesar disso, contam com boa quantidade de híbridos no portfólio. Eles planejam prever os eventos de sinistros com este tipo de veículo para identificar estatisticamente a correta precificação e as necessidades das coberturas.
Perguntamos para os especialistas sobre a questão da diferença de cotação entre um carro a combustão, comparado com um totalmente elétrico.
Na Youse, afirmam que não aplicam nenhum fator de preço associado ao fato de o veículo ser elétrico, nem para mais, nem para menos. Lembram também que as versões elétricas destes carros são mais caras e o valor do bem pode interferir na mensalidade do seguro, com possibilidade também de variações de cotação conforme o perfil do cliente.
A Creditas destaca que o seu cliente de veículo elétrico também não verá essa diferença atrelada aos carros elétricos. Apesar disso, observam que o risco atrelado ao perfil majoritário do condutor de carro elétrico é mais baixo. Logo, a cotação pode ter redução de preço.
A Suhai, por sua vez, diz que também estão mantendo a mesma precificação em função do valor do veículo. Deram o exemplo do Volvo XC40 Recharge (100% elétrico) ante o XC40 Inscription (totalmente a combustão), com o primeiro custando R$ 408 mil e o segundo que sai por R$ 266 mil nas concessionárias. Nesse caso, os valores contemplam o valor venal de cada um dos veículos, como de costume.
Entretanto, um detalhe interessante é que a Suhai comenta que, quando falamos do elétrico, casos de roubo/furto podem ajudar a reduzir os riscos, já que, em geral, os elétricos ainda são menos roubados . Apesar disso, caso o prejuízo causado por um eventual acidente comprometa mais de 75% do valor do carro elétrico seja maior no elétrico, isso pode significar a necessidade de alteração da precificação na hora da contratação.
A Youse destaca que, na hora de fazer a cotação, é preciso levar em conta as peculiaridades do veículo e também a forma como ele será utilizado. Por serem elétricos, eles possuem um valor maior que os carros convencionais e menos mão-de-obra especializada.
Para a Creditas, ao mesmo tempo que esses fatores também sejam levados em conta, o perfil médio do condutor de carro elétrico tende a diminuir o custo relativo do seguro , ainda que os carros elétricos tenham valores venais maiores.
A Suhai e a Creditas também levam em consideração a expectativa de grau de dano nos acidentes, na hora da precificação. A empresa ressalta que, por terem menos peças móveis, pode acarretar um custo médio maior nos reparos parciais ou acarretar uma maior incidência de danos que conduzam à Perda Total.
Após o período de contratações e obtenção de massa estatística suficiente, esses eventos são mensurados e os ajustes na precificação são efetuados. Algo que não há é a cobertura de seguro para troca de baterias em função da descarga/fim da vida útil da peça.