Sonho Seguro – Por Denise Bueno -12/04/2021 20:18
Cinco anos crescendo acima do mercado, dinheiro em caixa e o desejo sincero de ajudar o Brasil a superar seus problemas sociais agravados pela pandemia e tensão política, o que dificulta a volta do país ao crescimento. “Queremos ser parte da solução do problema”, afirma a nova CEO da Liberty Seguros, Patricia Chacon, ao anunciar a doação de R$ 1 milhão para ajudar no combate à fome no Brasil. Além do fundo, a seguradora aderiu ao movimento empresarial Unidos pela Vacina, criado por Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, que quer facilitar a distribuição do imunizante contra a Covid-19 para todos os brasileiros até setembro.
Os anúncios foram feitos em coletiva virtual de imprensa, que marcou a saída de Carlos Magnarelli, que conduziu o grupo desde janeiro de 2015, tornando-o um dos mais inovadores no mercado segurador. “Estou há 20 anos no Brasil e na Liberty, onde entrei como diretor financeiro. Pessoalmente, tem sido muito difícil deixar o Brasil e seguir para a nova missão de ser o presidente para o mercado Andes, que abrange Colômbia, Chile e Equador. Claro que é um desafio brilhante profissionalmente e a experiencia que acumulei no Brasil será extremamente útil. Tinha como desafio o crescimento da Liberty de forma rentável e isso não teria acontecido sem o engajamento dos brasileiros que abraçaram nossa estratégia e fizeram acontecer. E a Patrícia foi uma dessas pessoas. Nos últimos 5 anos ela esteve ao meu lado e conhece muito bem a seguradora e sabe muito bem para onde ir para entregar aos clientes, corretores e funcionários uma empresa diferenciada”, disse Magnarelli com grande emoção.
Os resultados obtidos pelo grupo nos últimos cinco anos foram destacados. E mereciam ser. O desempenho da companhia é sólido e consistente por uma razão clara: a aposta em pessoas. Todas as estratégias apresentadas neste período sempre tiveram como base o bem estar dos funcionários. Engajados com a estratégia, corretores recebem produtos e serviços diferenciados para oferecer aos clientes, que compram por considerar a oferta adequada ao bolso e ao que procuram. A lógica é simples, mas implementá-la num país que enfrenta um quadro recessivo desde 2014 requer clareza, coragem e muitos recursos investidos em pesquisas e em tecnologia.
O faturamento da Liberty saltou de R$ 2,7 bilhões em 2016 para R$ 4,3 bilhões em 2020. O lucro líquido acompanhou. Saiu de R$ 95 milhões para R$ 249 milhões. Conseguiu diversificar a atuação. Seguiu sendo especialista em seguro de carro, sendo hoje a quarta maior do pais, mas cresce 17,4% em outros segmentos como vida e seguros empresariais para pequenas e médias empresas. Inovou ao lançar o seguro com uso de telemetria em automóvel. Criou o Conselho dos Corretores para dar voz ao seu principal parceiro de negócio e aprimorar serviços e produtos. Aproveitou as oportunidades de ampliar os canais de vendas e fechou uma parceria com o banco Inter, que informou ter 367 mil clientes de seguros no balanço do primeiro trimestre de 2021, com crescimento anual de 350%.
A prova do contentamento dos acionistas americanos vem em diversas mensagens. “Geramos R$ 800 milhões de capital, dos quais R$ 600 milhões estão no Brasil para novos investimentos. Financeiramente temos oportunidade para crescer, pois o acionista aposta no longo prazo. Há um potencial imenso para crescer aqui”, afirma Magnarelli. Outra sinalização veio em 2019, quando o Brasil foi escolhido para sediar o terceiro laboratório de inovação do grupo, focado em soluções de seguros de auto, residência e seguros para pequenas empresas. O Solaris começou na sede em Boston (EUA), em 2015, matriz do grupo. Dois anos depois seguiu para a Ásia (Cingapura). Somos a segunda maior operação da Liberty Mutual fora dos EUA e temos muito ainda para crescer diante da baixa penetração de seguros no país. Por isso, a estratégia tem sido reter o lucro aqui para investir cada vez mais para levarmos soluções que desenvolvam os corretores de seguros, nossos principais parceiros, e que protejam a sociedade de riscos imprevistos”, comenta Magnarelli.
Patricia, que já vinha tocando estratégia e inovação, segue em ritmo acelerado. Já é possível pagar o seguro pelo PIX e somente o que usar no seguro de auto. Ela anunciou o lançamento do Auto Controle, seguro que cobra de acordo com a quilometragem rodada ou pelo estilo de direção do motorista. A novidade aqui já é usual nos Estados Unidos, conhecida por “Pay as you drive” e “Pay as you use”. Em ambas, o cliente paga uma taxa mensalmente e centavos pelo quilometro rodado, podendo ser até 50% mais econômico que o seguro comum para pessoas que circulam até 500 quilômetros no mês.
Uma das preocupações dos corretores de seguros está em perder a renda com comissões, calculadas sobre o valor pago pelo cliente. Patricia afirma que este é um seguro que precisa estar na prateleira, pois ele atrai clientes que nunca compraram seguro. “Cerca 67% da receita do Aliro, seguro de carro mais enxuto que lançamos e faz muito sucesso, vem de pessoas que nunca tinha comprado um seguro. Acreditamos que assim também será com o Auto Controle. Trará para seguros pessoas que estão fora do perfil do seguro tradicional”.
Outra novidade destacada por Patricia foi o “Meu Momento de Vida”, lançado em outubro, em meio ao aumento da procura de seguros de vida por conta da pandemia. A plataforma é 100% digital e foi criada dentro do Conselho de Corretores. “O resultado tem sido surpreendente, pois é um sistema amigável, que tem como objetivo facilitar o processo de venda do seguro de vida, de forma didática, ágil e personalizada. Trouxemos práticas de personalização já utilizadas em Cingapura com o objetivo de reinventar o mercado nacional. Nos dois primeiros meses a plataforma recebeu 300 mil acessos, um número bastante relevante para nós. Além disso, o segmento de seguros de vida cresceu 30% em 2020 na Liberty”, afirmou.
Apesar de toda a caótica situação em que o Brasil se encontra, liderando o número diário de mortes por Covid-19 e despencando entre as maiores economias do mundo — em 2006 estava entre as 10 e em 2021 deve ficar na 13a posição –, a aposta de um dos maiores grupos seguradores dos EUA segue firme. “Queremos ser parte da solução. Nosso projeto social é relevante e estamos sempre atentos para poder contribuir mais para fomentar um futuro de valor para a sociedade, reforçar as causas que a seguradora já trabalha: empoderar e capacitar cada vez mais pessoas. Acabamos de anunciar 11 projetos sociais que receberam apoio e patrocínio da companhia e serão ativados ao longo de 2021 e fazem parte do plano de sustentabilidade “Liberty Mais Sustentável 2023”.
Certamente todos sentirão não ter Magnarelli no dia a dia do mercado brasileiro. Também é certo que todos estão contentes com Patricia no comando da Liberty, a única mulher no comando do seleto grupo de 15 maiores seguradoras do país. Segundo Patricia, a meta é a equidade. Ela citou a Pesquisa da Escola Nacional de Seguros, que mostra que 54,8% do quadro total de funcionários das 23 maiores seguradoras do mercado são mulheres, sendo apenas 25% em cargos de liderança. “A Liberty está acima do mercado: 58% do quadro de funcionários é formado por mulheres e elas são 38% das líderes. Estamos no rumo da nossa meta, que é a equidade”, finaliza.