Notícias | 14 de abril de 2025 | Fonte: CQCS l Ítalo Menezes com informações do site Valor Econômico

As informações são do site Valor Econômico: após um crescimento mais modesto de 6% em 2024, com arrecadação de R$ 6,2 bilhões, o segmento de seguro de transporte no Brasil se prepara para retomar um ritmo acelerado em 2025. A expectativa é de que o setor volte a registrar expansão de dois dígitos, impulsionado por investimentos em infraestrutura, novas regulamentações e o avanço do comércio eletrônico e internacional.

Segundo especialistas, o desempenho abaixo dos anos anteriores se deve a fatores como o baixo nível de investimentos na economia, mudanças regulatórias e perdas significativas com sinistros relacionados a eventos climáticos extremos. Ainda assim, o cenário para 2025 é otimista.

“Investimentos em infraestrutura e logística, impulsionados pelo governo através de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões, devem melhorar significativamente a malha logística, aumentando o volume de cargas transportadas. A modernização das rodovias, portos e ferrovias tende a elevar a eficiência, reduzir riscos e, consequentemente, impulsionar a demanda por seguros de carga”, afirma Marcos Siqueira, diretor de transportes e equipamentos do grupo HDI. Ele ainda destaca que a expansão industrial, especialmente nos setores de máquinas e insumos, estimula a procura por coberturas mais completas.

Felipe Smith, diretor-executivo de produtos pessoa jurídica da Tokio Marine — segunda maior do segmento — acrescenta que o BNDES projeta aprovar até R$ 30 bilhões em financiamentos para concessões rodoviárias em 2025. “Esse valor não apenas supera o ano passado como também reflete o potencial de crescimento desse setor no país.”

Adailton Dias, vice-presidente da Comissão de Transportes da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), destaca ainda o papel do comércio internacional e do e-commerce como motores do mercado. “Esses fatores vão movimentar mais cargas, gerando oportunidades para o seguro”, afirma.

A recente regulamentação da Lei nº 14.599/2023 também deve influenciar positivamente o mercado. A norma consolidou as regras dos seguros de responsabilidade civil (RC) dos transportadores de diferentes modais e tornou obrigatória a contratação de seguro contra desaparecimento de carga. “Em parceria com a CNseg, estamos criando um banco de dados que permitirá à Secretaria da Fazenda monitorar as apólices obrigatórias de RC, o que pode gerar um aumento de até 30% nas contratações desse tipo de seguro”, explica Dias.

Para Smith, da Tokio Marine, mesmo em um cenário desafiador, a nova legislação abre caminho para uma maior demanda. Siqueira, da HDI, concorda: “Essa obrigatoriedade garante que os segurados contratem os seguros necessários, protegendo as mercadorias contra acidentes e roubos, assegurando a continuidade da cadeia de abastecimento.”

Outro desafio crescente são os eventos climáticos extremos, como os incêndios e enchentes no Rio Grande do Sul, que causaram grandes prejuízos ao setor. “Esse cenário gerou um ambiente mais restritivo para grandes transportadores, com aumentos de até sete vezes nos prêmios pagos em comparação ao ano anterior”, revela Roberto Schimith, CEO da Insert, corretora que intermediou indenizações superiores a R$ 28 milhões em 2024.

Líder de mercado com 17% de participação, a Sompo destaca que a sustentabilidade do seguro está no investimento em tecnologia e prevenção. “Tecnologias que identificam padrões de risco, previnem sinistros e ajustam preços com precisão são fundamentais”, diz Tatiana Pinheiro Kusaba, superintendente de transporte da Sompo. Em 2024, a seguradora emitiu mais de R$ 1,05 bilhão em prêmios, monitorando cerca de 230 mil viagens e cargas no valor de R$ 132 bilhões.

A visão é compartilhada por corretores. Denis Teixeira, sênior vice-presidente de transportes da Alper Seguros, destaca os resultados do programa Proteção 360 Alper Cargo, que reduziu em até 50% os roubos e 20% os acidentes entre seus clientes. Já Diego Zanini, diretor comercial da Wiz Corporate, ressalta o papel da análise preditiva e da inteligência artificial na prevenção de riscos não apenas no seguro de transporte, mas também em coberturas como seguro garantia, patrimonial e de máquinas e equipamentos.