Notícias | 28 de junho de 2021 | Fonte: CQCS
Reportagem publicada pela Reuters informa que, embora haja um mercado estimado em US$ 500 milhões para garantir satélites, foguetes e voos espaciais não tripulados, ainda não há previsão ou exigência legal para cobrir passageiros por lesões ou morte ou para que turistas espaciais tenham cobertura vitalícia. A questão vem sendo discutida no mercado internacional diante da “corrida” para lançar os indivíduos mais ricos da Terra em órbita, disputa que envolve os CEOs do Amazon, Jeff Bezos, da Tesla, Elon Musk e da Virgin Galactic, Richard Branson. “O turismo espacial envolve riscos significativos, mas não é uma questão que as seguradoras de vida perguntam especificamente ainda, porque é raro alguém viajar para o espaço”, comenta o porta-voz do Insurance Information Institute (III), Michael Barry.
O único seguro obrigatório em vigor para operadores espaciais comerciais é a responsabilidade de terceiros, principalmente para cobrir danos materiais na Terra ou em uma aeronave voadora, observa Akiko Hama, executivo de clientes, subscrição espacial e aeroespacial da Global Aerospace.
Já o vice-presidente sênior de aviação e espaço da Marsh, Neil Stevens, afirma não ter conhecimento de “um caso em que alguém esteja seguro contra a responsabilidade dos passageiros”.
Por sua vez, Richard Parker, da Assure Space, uma unidade da seguradora AmTrust Financial, que fornece seguro espacial, destaca que tanto a NASA quanto os EUA, em geral, não contratam seguros de responsabilidade, com lançamentos governamentais basicamente segurados pelos contribuintes.
A informação é confirmada pelo gerente de subscrição de políticas espaciais da seguradora Global Aerospace, Charles Wetton, segundo o qual os astronautas em missões financiadas pelo governo são cuidadosamente selecionados por seus conhecimentos, habilidades e aptidão e treinam por vários anos antes da decolagem. “Eles e suas famílias entendem os riscos do trabalho que fazem”, alega Wetton.
Ele acrescenta que os cadetes espaciais comerciais podem obter apenas alguns dias de treinamento para um voo suborbital ou alguns meses para uma viagem até a Estação Espacial Internacional (ISS), mas, estes “representam dois perfis de risco muito diferentes que as seguradoras levarão em conta”.
O texto da reportagem lembra que o único grupo que tem voado regularmente humanos suborbitamente desde a década de 1960 é a Virgin, de Branson. Houve um uma falha em 2014 que causou a morte de uma pessoa. Já a Blue Origin voou 15 voos suborbitais não tripulados sem falhas.
A Reuters tentou ouvir Bezos, Blue Origin e Virgin Galactic, mas nenhum deles respondeu sobre eventuais planos de seguro e registros de voo.
A Blue Origin em seu site diz que o passageiro do voo espacial receberá treinamento um dia antes do lançamento, incluindo visões gerais de missão e veículo, briefings de segurança, simulação de missão e instruções sobre atividades de voo.
A Virgin Galactic disse que os participantes terão três dias de treinamento e preparação antes do lançamento.
As seguradoras esperam renúncias e contratos de empresas de viagens espaciais comerciais, afirmando que não terão nenhum ônus se um passageiro morrer durante um voo.
PEDIDO.
A matéria revela ainda que a NASA pediu respostas da indústria para seus planos para uma estrutura de responsabilidade para missões de astronautas financiadas privadamente à ISS. Os planos da NASA incluem exigir que astronautas privados comprem seguro de vida.
Assim, a cobertura para turistas espaciais pode ser o próximo passo, projeta o vice-presidente sênior de espaço dos EUA, na corretora de seguros Gallagher, Tim Rush. Segundo ele, o mercado de seguros de vida atualmente já fornece cobertura individual de US$ 2 a 5 milhões para astronautas privados.
Em tempo: a Blue Origin planeja que sua espaçonave de seis lugares decole em 20 de julho e voe por quatro minutos além da fronteira entre a atmosfera terrestre e o espaço sideral, onde os passageiros experimentarão total ausência de peso.