Revista Apólice – 3 de setembro de 2018 11:08As previsões para a melhora da economia divulgadas no início do ano não se cumpriram. Muito se deve à manutenção do desemprego, à falta de reformas e, especialmente, à greve de caminhoneiros, em maio. A estimativa de alta do PIB caiu de 3% para 1,5% e uma nova queda nas projeções não está descartada.No mercado de seguros, o cenário não poderia ser diferente. Mas, mesmo em meio ao pessimismo, o setor ainda apresenta resultados positivos. O seguro de pessoas (sem VGBL), por exemplo, registrou um aumento de 10% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, movimentando R$ 18,3 bilhões, ante R$ 16,6 bilhões em 2017, mostra a Carta de Conjuntura do Sincor-SP.A resiliência do mercado de seguros também é demonstrada nos números relacionados às reservas. Analisando a evolução dos números, ao final de 2014, o saldo era de R$ 550 bilhões, com variação de 17% em relação ao ano anterior. Já em 2015, o valor foi de R$ 650 bilhões, uma variação de 18% em relação ao ano anterior. Em 2016, o patamar ultrapassou R$ 780 bilhões, com variação de 20% no exercício. Em 2017, o valor superou os R$ 900 bilhões. Para 2018, deve passar o montante de R$ 1 trilhão.No geral, incluindo automóveis, residências e empresas, ainda sem considerar as operações de saúde suplementar, a variação acumulada foi de mais 6%, nos valores até junho de 2018, em relação ao mesmo período de 2017.O lucro das seguradoras também mostrou recuperação, pulando de R$ 8 bilhões para R$ 9,8 bilhões, aumento de 21%. Os valores são influenciados pela queda da receita do seguro DPVAT. Caso o ramo fosse excluído nos dois períodos citados, a variação acumulada passaria de 6% para 7%.Já nos produtos do tipo VGBL, um produto com características mais financeiras, de acumulação, houve queda em 2018, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Mesmo que o segmento ainda tenha uma evolução positiva nesse ano, não deve ser a mesma como em exercícios anteriores.Riscos de engenhariaO seguro relacionado à construção, mais especificamente aos riscos de engenharia, é um dos que sofrem com a crise econômica. O setor acompanha a estagnação enfrentada tanto no tocante às obras de infraestrutura como naquelas enquadradas no segmento de residências, comércio e indústria. Em função do elevado comprometimento das receitas da união com as despesas obrigatórias, é pouco animadora a expectativa com relação à possibilidade da reativação do segmento de obras de infraestrutura, assim como aos investimentos em ampliações e modernização de instalações por parte do setor industrial.Atualmente, 16 empresas do ramo faturam mais de R$ 5 milhões anualmente. Os prêmios pagos giram em torno de R$ 300 milhões por ano. “Mesmo com a recente ampliação dos limites para financiamento das unidades residenciais, que pode ser vista como um sopro de esperança de retomada para esse segmento, ainda será necessário que ocorra também uma sólida redução no nível de desemprego, o que parece pouco provável no curto prazo, em função da situação atual da economia”, comenta o integrante da Comissão de Grandes Riscos, Engenharia e Resseguros do Sincor-SP, Luciano Antonio Rossi.De acordo com o especialista, as indefinições com relação ao desenrolar do processo eleitoral carregam uma grande incerteza em relação às quais serão os desafios e as oportunidades que estaremos encontrando no futuro próximo.