Folha de São Paulo – 4.jan.2024 às 11h30Atualizado: 4.jan.2024 às 12h47 – Stéfanie RigamontiSÃO PAULO

As vendas de automóveis zero-quilômetro cresceram 9,13% no acumulado de 2023 em comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4) pela Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores). Considerando os veículos comerciais leves, a alta foi de 11,3%.

No total, foram emplacados 2,18 milhões de veículos das duas categorias no ano passado, sendo 1,72 milhões de automóveis e 458.522 de comerciais leves.

Nas projeções para 2024, a Fenabrave espera uma elevação de 12% na venda de carros, totalizando 2,44 milhões de automóveis e comerciais leves emplacados. O presidente da entidade, José Maurício Andreta Júnior, se disse otimista com o desempenho do setor neste ano.

Carros 0 KM em exposição na Lance Fiat em Ribeirão Preto
Carros 0 KM em exposição na Lance Fiat em Ribeirão Preto – Edson Silva /Folhapress

Apenas em dezembro, o Brasil emplacou 187.753 automóveis e 48.846 comerciais leves, elevações de 16,84% e 19,25% em relação a novembro.

Com relação aos carros eletrificados, o Brasil registrou em 2023 alta de 90,7% nas comercializações, atingindo 93.970 de automóveis e comerciais leves emplacados.

As vendas totais de motocicletas novas subiram 16,10% no acumulado de 2023 na comparação anual, atingindo 1,58 milhões de veículos emplacados. Foram 132.752 motos emplacadas em dezembro, alta de 1,75% em relação ao mês anterior.

A Fenabrave espera alta de 16% nas vendas de motos em 2024, quando o Brasil deve emplacar um total de 1,83 milhões de veículos dessa categoria, segundo estimativa da federação.

BYD Dolphin Mini tem espaço para quatro ocupantes

O emplacamento de ônibus também cresceu em 2023. Foram emplacados 24.622 veículos, um crescimento de 12,63% na base anual. No mês de dezembro, no entanto, houve queda de 3,45% em relação ao mês anterior, e baixa de quase 30% em comparação ao mesmo período de 2022.

Para 2024, a alta esperada é de 20% nos emplacamentos de ônibus.

Os caminhões foram os únicos veículos que registraram queda nas vendas em 2023, de 16,39%, totalizando 104.155 veículos emplacados. Ainda assim, a Fenabrave ressalta que essa queda ficou abaixo do esperado. A federação esperava 96 mil caminhões emplacados neste ano.

Neste ano, a entidade projeta elevação de 10% nas vendas de caminhões.

Andreta Júnior ressaltou que, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país pode alavancar as vendas de caminhões, que devem ter a alta nas vendas afetada por um crescimento econômico do país menor em relação a 2023, a comercialização de carros é influenciada diretamente pelo mercado de crédito.

Segundo o presidente da Fenabrave, medidas do governo para melhorar as condições de oferta de crédito devem ser positivas para o segmento nesse sentido.

As boas expectativas para 2024, segundo Andreta Júnior, também levam em conta a MP (Medida Provisória) que criou o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação).

“Esse é um programa muito bom, consistente e que vai trazer para a indústria instalada no país condições de modernização […] mais rapidamente”, disse o presidente da Fenabrave. “Vejo isso com bons olhos, acho que o governo tomou uma medida assertiva”, completou.

A MP prevê incentivos fiscais para empresas do setor automotivo para investirem em sustentabilidade e atualização tecnológica para essa finalidade. A medida também traz novas obrigações à indústria automotiva, para diminuir seu impacto nas emissões de carbono.

Andreta Júnior ressaltou que, com medidas como essa, o governo tem trazido previsibilidade para o setor. Somando esse fator à diminuição das turbulências políticas no país e o ambiente econômico mais favorável, o ano de 2024 se desenha para ser positivo. “Temos um momento mágico”, afirmou.

A consultora econômica da Fenabrave, Tereza Fernandes, por outro lado, ponderou que o grande desafio do setor hoje é a questão fiscal. Fernandes diz reconhecer o esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para organizar as contas públicas, mas afirma que ainda vê o PT empenhado em gastar mais.